As marcas de suplementação alimentar têm como principais alvos os frequentadores assíduos de academia, pessoas da filosofia “no pain, no gain” (“sem dor, sem ganho”), que não se importam em consumir produtos não muito agradáveis ao paladar desde que garantam uma maior força e energia para o treino.
Com a pretensão de fugir desse reino do lugar comum, a brasileira Mais Mu, fundada por amigos no ano de 2015, em São Paulo, fabrica e distribui produtos “gostosos e saudáveis”, nesta ordem, como diz o slogan da empresa, para pessoas comuns que não abrem mão do bom paladar.
“O nosso diferencial é justamente não abrir mão do bom paladar”, crava Otto Guarnieri, um dos sócios-fundadores da “Mais Mu”. “Nossos produtos são tão saborosos quanto as ‘besteiras’ que fazem sucesso nos mercados ou lojinhas de conveniência; a diferença é que, além de gostosos, também são nutritivos e saudáveis”.
Whey ‘à prova de mãe: o início de tudo
De acordo com Guarnieri, a lâmpada da ideia de criar um produto rico proteicamente e ao mesmo tempo livre de preconceitos da parte de quem não é familiarizado com o mercado de suplementação acendeu ainda na adolescência, quando, assim como muitos jovens, foi confrontado pela própria mãe.
“Aos 15 anos, comprei meu primeiro pote de whey. Cheguei em casa, coloquei na bancada na cozinha e, assim que minha mãe viu, ela falou: ‘o que esse pote para cavalo está fazendo em casa? Joga isso fora, isso é bomba’. Ali eu percebi que ela, assim como muitas pessoas, achava que whey, uma proteína do leite, era bomba”, recorda.
“Os pais dão para os filhos recém-nascidos as fórmulas infantis, que são aqueles leites para crianças. Se você for analisar a tabela nutricional e a lista de ingredientes, aquilo é whey; ou seja, aquele produto que a sua mãe te dá quando você tem seis meses de idade, é o que ela repreende quando você tem 15 anos”, completa.
Assim como Otto, muitos adolescentes já tiveram que jogar o pote de whey protein fora por ordem dos pais, como o seu colega de faculdade Antônio Neto. Ávidos pelo mesmo objetivo, de causar uma revolução no segmento, eles se uniram, investiram tempo, dinheiro e esforço e criaram uma espécie de whey “à prova de mãe”.
“Tanto eu quanto o Neto identificamos essa problemática no mercado e decidimos empreender. A empresa nasceu com a missão de mostrar que whey não é bomba e que ninguém precisa ser bitolado na dieta para ter uma vida saudável. Começamos com proteínas em pó, com dose única – o que não era comum no mercado – e com comunicação visual que remete à essência do produto, que é um derivado do leite”, destaca Otto Guarnieri.
Apesar de existir a linha “Muke”, essa sim voltada à performance e ganho de massa muscular, a empresa tem como cliente mais fiel aqueles que frequentam a academia apenas para diminuir ou manter o número da roupa e profissionais que necessitam de energia para encarar a rotina diária, seja na faculdade, assistindo ou dando aula; no escritório, do estagiário ao CEO; ou dirigindo um carro de aplicativo.
“O que a nossa comunicação faz é ser convidativo mesmo para quem não treina todos os dias, ou até mesmo para quem nem treina; embora a gente exalte que vidas ativas e saudáveis são mais legais de serem vividas e a gente está aí para te acompanhar nessa jornada. Enfim, nosso público são os atletas do dia a dia”.
Estratégia para ‘democratizar o whey’ e estourar a bolha
Como a ideia sempre foi ser uma marca de suplementação fora do padrão e atingir um público diferente do que está habituado a suplementar, Otto e Neto não se limitaram a oferecer os produtos da Mais Mu em academias, farmácias e lojas do nicho da alimentação saudável.
“A gente decidiu implementar pontos de venda em lugares que onde tradicionalmente não se achava whey, como padarias, supermercados e lojas de conveniência, por exemplo”, explica Otto.
“De 2015, quando tudo começou, para hoje, 2022, a maioria dos nossos produtos não são mais em pó, como era lá atrás; justamente porque a gente percebeu que a melhor forma de mostrar que whey não é bomba é fazê-lo em forma de snacks que as pessoas estão acostumadas a comer no dia a dia. A gente até brinca que a gente quer transformar esses alimentos saudáveis em produtos que pareçam porcaria, mas que sejam saudáveis e nutritivos de verdade”, concluiu.
Prova que o alvo mirado lá em 2015 foi atingido é que atualmente a Mais Mu, que já produziu cerca de 70 tipos diferentes de produtos, possui oito mil pontos de vendas espalhados por todos os estados brasileiro, alguns países da Europa, Arábia Saudita e outra parte da Ásia.