Após quatro jogos e dois tropeços seguidos, a seleção brasileira começa a ter a “cara” de Fernando Diniz nesta Data Fifa, uma das mais duras destas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026. Diante da Colômbia, às 21h desta quinta-feira, o torcedor deve encontrar uma equipe rejuvenescida e com o estilo tático do novo treinador já incorporado, com mais toque de bola e ofensividade.

Em terceiro lugar na tabela, a seleção soma sete pontos e vem de derrota para o Uruguai e empate com a Venezuela, em casa. Está atrás da líder Argentina, com 12, e do Uruguai, com sete. E, após visitar no calor de Barranquilla, receberá justamente a atual campeã mundial no Maracanã, no Rio de Janeiro, na terça-feira, dia 21.

Diante destes desafios, Diniz deve fazer a ruptura definitiva com a seleção de Tite com a ajuda de uma série de fatores. O primeiro, claro, é a sequência de jogos. A partida em Barranquilla será a quinta do treinador no comando do time. Os seguidos treinos de preparação antes de cada um dos quatro jogos já disputados deram a base para as adaptações que cada jogador precisa fazer para entender as ideias do técnico.

Em sua terceira convocação, Diniz também já pôde filtrar aqueles que tem recursos suficientes para se adequar ao seu estilo, agora consagrado pela conquista do título da Copa Libertadores pelo Fluminense, no início do mês.

O técnico ainda contou com alguns desfalques de peso, que exigiram uma rápida mudança em relação à formação ainda sob forte influência de Tite. É o caso de Neymar, Casemiro e Ederson, todos titulares no início da trajetória de Diniz na seleção. Com estas baixas, o técnico pôde acelerar o processo, criando as condições para enfim dar a sua “cara” ao time.

A entrada de André, do Fluminense, no lugar de Casemiro é apenas a face mais visível desta mudança. Diniz alterou o esquema tático que vinha sendo o padrão desde Tite. Sai o batido 4-3-3 e entra o 4-2-4. Na prática, Rodrygo, de estilo mais ofensivo, substitui Neymar, acostumado a atuar como meia-atacante nos últimos anos.

O atacante do Real Madrid terá a companhia de Vinicius Júnior, Raphinha e Gabriel Martinelli. Diniz não escondeu a ideia de estender à seleção o sucesso que Rodrygo e Vini Jr. vem tendo no Real Madrid. “É uma maneira de aproveitar o momento deles no Real. Eles já têm jogado de uma maneira mais centralizada. O Rodrygo tem uma característica de um encaixe perfeito do que penso de futebol”, explicou Diniz.

Com a opção por Martinelli como referência lá na frente, Diniz deve deixar o jovem Endrick, alvo da maior atenção nesta convocação, como alternativa para o segundo tempo. “Eu vejo um potencial gigantesco. Pode no futuro se tornar um daqueles jogadores lendários do futebol brasileiro. Mas isso o tempo vai confirmar”, declarou.

No total, o time terá seis mudanças na formação titular em comparação à derrota para o Uruguai por 2 a 0, na última rodada das Eliminatórias. Diniz garante que parte destas alterações já estavam programadas, independente das lesões recentes no grupo. “As alternativas já estavam sendo criadas. Sempre bom poder conta com todo mundo. É uma tristeza não poder ter o Neymar. Ele fez falta em qualquer cenário, assim como Casemiro. É uma oportunidade para os outros. Vamos potencializar ao máximo esse time que vai jogar.”

SELEÇÃO MAIS JOVEM

O técnico escolheu o caminho da juventude para renovar a seleção. Para efeito de comparação, o elenco convocado por Tite para a Copa do Mundo do Catar, no fim do ano passado, tinha média de 28,4 anos de idade. O grupo chamado por Diniz para esta Data Fifa tem média de 24,7 anos. O mais jovem é Endrick, de 17. Alisson, de volta ao posto de titular após o corte de Ederson, é o mais experiente, com 31.

“Todos estão entendendo tudo o que a gente quer. É a terceira convocação. Vai acumulando conhecimentos táticos daquilo que pretendemos passar para eles. E as conexões humanas vão ficando mais profundas. Nestes dois próximos jogos, queremos elevar o nível do nosso jogo”, disse Diniz.

COLÔMBIA

O Brasil nunca perdeu para o adversário sul-americano em jogo de Eliminatórias: são sete vitórias e sete empates. Ao mesmo tempo, os colombianos não caem para os brasileiros em casa na competição desde setembro de 2003. Desde então, foram três empates.

Mas não é o histórico que preocupa Diniz e sua comissão técnica. O time colombiano vive bom momento, apesar de vir de três empates consecutivos nestas Eliminatórias. No total, são 15 jogos de invencibilidade, incluindo amistosos – derrubou rivais como Alemanha e Japão nos últimos meses. A Colômbia não perde desde fevereiro do ano passado. No momento, está em quinto lugar nas Eliminatórias, com seis pontos, apenas um atrás do Brasil.

Para o jogo desta quinta, o técnico Néstor Lorenzo terá o reforço de peso de Luis Díaz, que se tornou notícia fora de campo nas últimas semanas em razão do sequestro do seu pai. Ele foi libertado na semana passada pelo grupo guerrilheiro Exército de Libertação Nacional (ELN) após 12 dias de cativeiro. O jogador é parceiro de Alisson no Liverpool.

Se Díaz está confirmado entre os titulares, James Rodríguez é dúvida. Ainda se recuperando de lesão, o jogador do São Paulo pode começar no banco. Se entrar em campo, poderá se igualar na artilharia da seleção colombiana nas Eliminatórias a Radamel Falcao. No momento, James tem 12 gols, um a menos que o compatriota.

O maior desfalque da equipe da casa será o meia Jhon Arias, do Fluminense. Ele cumprirá suspensão nesta quinta. Em compensação, o treinador terá o retorno do goleiro Camilo Vargas, suspenso no empate com o Equador, na rodada passada.