A polícia da Nicarágua prendeu neste domingo (13) a ex-guerrilheira sandinista Dora María Téllez e a líder opositora Ana Margarita Vigil, ambas dissidentes do governo de Daniel Ortega, informaram fontes oficiais e políticas. As prisões seguem na esteira da perseguição que a oposição afirma enfrentar desde o início de junho.

A polícia disse que as duas “estão sendo investigadas por praticar atos que atentam contra a independência, a soberania e a autodeterminação, incitar a ingerência estrangeira nos assuntos internos”, entre outros crimes, segundo nota da instituição.

Em dezembro do ano passado, a Nicarágua aprovou a polêmica “Lei de Defesa dos Direitos do Povo à Independência, Soberania e Autodeterminação para a Paz”, que pune com prisão aqueles que promovem a intervenção estrangeira.

Téllez e Vigil pertencem à União Democrática Renovadora (Unamos), formada por dissidentes sandinistas, antes conhecida como Movimento de Renovação Sandinista (MRS, centro-esquerda).

A prisão dessas líderes da oposição ocorreu depois que a tropa de choque da polícia invadiu suas residências em Manágua e permaneceu por várias horas.

A polícia informou que as detidas serão investigadas e, se necessário, encaminhadas “às autoridades competentes para seu julgamento e determinação das responsabilidades penais”.

Téllez, de 65 anos, foi uma das comandantes das frentes guerrilheiras que lutaram contra a ditadura de Anastasio Somoza na década de 1970, e também ministra da Saúde durante a revolução sandinista nos anos 1980.

Em 1995, ajudou a fundar o MRS com dissidentes sandinistas, hoje Unamos, que faz parte da plataforma de oposição ao governo Ortega, no poder desde 2007.

Na noite de sábado, a opositora Tamara Dávila, da Unidade Nacional Azul e Branca (UNAB), também foi detida em sua casa para ser investigada por “praticar atos que comprometem a independência, a soberania”, informou a polícia.

Pelo menos uma dúzia de líderes da oposição, incluindo quatro importantes pré-candidatos à presidência, foram presos pela polícia desde 2 de junho a pedido do governo de Ortega.