Trabalho com empresas de diversos segmentos, tamanhos variados e histórias distintas. Em todas elas, observo que enfrentam desafios significativos, e isso reflete o atual cenário econômico e político global.

Hoje em dia, não é mais suficiente, como costumava ser em um passado recente, concentrar-se apenas na qualidade e no preço de um produto. Na verdade, isso já não é mais um diferencial que agrega valor às marcas. Os consumidores são fortemente influenciados por valores, e essa tendência se acentuou em meio às discussões sobre responsabilidade social corporativa e sustentabilidade.

No atual contexto, a revolução mais fundamental que estamos enfrentando é na área da comunicação. Em um mundo repleto de possibilidades e uma produção industrial excessiva, a capacidade de ter um propósito empresarial e comunicá-lo torna-se essencial. A palavra-chave do momento é “REPUTAÇÃO EMPRESARIAL”; a reputação da marca. Empresas são avaliadas não apenas pelo que produzem, mas pelo impacto que têm na sociedade e no planeta.

Sua marca possui uma tradição? E, mais importante, o que ela fez com essa tradição? Ela respeitou valores humanos e sustentáveis? Se ainda não o fez, está disposta a fazê-lo? Como ela se compromete com a sociedade e com o planeta?

Vale ressaltar que, para isso, a diretriz não deve mais ser o tão conhecido “Storytelling”, mas sim o “TRUE Telling”. Ou seja, a narrativa de histórias românticas e fictícias dá lugar a uma narrativa verdadeira e sincera, refletindo a demanda dos consumidores por autenticidade.

A mudança desse mindset gera ações que não são tão simples de implementar. Isso envolve a adoção de processos sustentáveis, a reciclagem de resíduos e a introdução de novas formas de fabricação. Além disso, inclui ações de responsabilidade social, apoio a comunidades e indivíduos, o que está em sintonia com a crescente consciência social.

Esses valores devem ser materializados no design dos produtos. O produto passa a ser um amplificador de valores e um testemunho do compromisso da marca com esses valores.

Como resultado, surge a necessidade de desenvolver novas métricas de ROI, ou seja, de retorno sobre o investimento. No entanto, o retorno sobre o investimento (ROI) é um conceito que está passando por uma redefinição significativa. Produtos que amplificam a inserção social ou promovem a inclusão de pessoas agora trazem valores à marca que são igualmente, ou até mais, importantes do que as simples vendas de produtos. Isso reflete uma mudança fundamental na percepção do valor empresarial.

Com o advento da produção em massa em países altamente tecnológicos e tradicionalmente exportadores, torna-se cada vez mais desafiador exportar produtos que carecem de valor intelectual. Isso é especialmente evidente em países em desenvolvimento, como o Brasil, que estão enfrentando um processo significativo de desindustrialização como resultado dessa dinâmica.

Nesse cenário, as empresas precisam repensar suas estratégias e focar não apenas na produção, mas também na inovação e na criação de produtos e serviços que agreguem valor intelectual.

Para falar por exemplo do quesito sustentável, basta dizer que 70% das espécies amazônicas são ainda desconhecidas. E que mesmo assim, é possível de se produzir quase 50% de uma automóvel com matéria primas sustentáveis, e processos industriais. Grandes marcas automotivas em todo o planeta, têm bancos feitos com fibra de coco brasileira, e revestimentos internos produzidos a partir da fibra de curauá.

A parte isso a inclusão social, o desenvolvimento de talentos locais e a promoção de valores sustentáveis não são apenas aspectos éticos, mas também se tornaram fatores críticos de sucesso para as empresas que desejam prosperar em um mundo em constante evolução. Essa transformação está moldando o futuro dos negócios e a maneira como as empresas interagem com a sociedade e o meio ambiente.

A principal engrenagem dessa mudança é o design. O design não só desempenha um papel crucial na criação de produtos que promovem a inclusão social, mas também na inovação e na adaptação às demandas em constante evolução. Embora a automação e a produção robótica tenham seu lugar, o futuro do mundo ainda depende da criatividade e da capacidade humana de resolver problemas complexos.

Temos, por exemplo, problemas cada vez mais acentuados de imigração. Pessoas que não encontram como sobreviver em seus países natal procuram outras fontes de subsistência. A migração é um fenômeno global que requer uma resposta humanitária e estratégica.

Além disso, pessoas do próprio país tornam-se excluídas do establishment produtivo econômico devido a desafios como a automação e a desindustrialização. Isso destaca a importância de programas de educação e treinamento para desenvolver talentos locais e criar oportunidades em setores inovadores.

O papel da indústria não é apenas o de gerar riqueza, mas sim de trazer pesquisa e distribuir renda através da geração de emprego nos mais diversos âmbitos. As empresas têm um papel vital na construção de economias inclusivas e na promoção de valores sustentáveis para enfrentar os desafios do nosso tempo.