Mais de mil já foram mortos em filas por comida em Gaza, diz ONU

Mais de mil já foram mortos em filas por comida em Gaza, diz ONU

ROMA, 22 JUL (ANSA) – A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa) disse nesta terça-feira (22) que mais de mil pessoas foram assassinadas enquanto tentavam obter ajuda humanitária na Faixa de Gaza desde o fim de maio.

Em nota, o chefe da Unrwa, Philippe Lazzarini, disse que o enclave palestino se tornou um “inferno na terra”, onde médicos desmaiam devido à fome e ao cansaço.

No fim de maio, Israel encerrou o bloqueio à entrada de ajuda humanitária no território, porém concentrou a distribuição de itens de primeira necessidade em uma organização liderada por um pastor evangélico americano e ex-assessor de campanha do presidente Donald Trump, Johnnie Moore, com apoio dos Estados Unidos, a Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês).

O grupo fundamentalista Hamas afirma que os postos da GHF se tornaram armadilhas para atrair civis para a morte no enclave, enquanto Israel nega envolvimento no assassinato de pessoas em busca de comida, mas sem convencer a comunidade internacional.

“O assassinato de civis em busca de ajuda em Gaza é indefensável. Falei novamente com o ministro israelense das Relações Exteriores, Gideon Sa’ar, para lembrá-lo de nosso acordo sobre o fluxo de ajudas e esclarecer que as IDF [Forças de Defesa de Israel] devem parar de matar pessoas em pontos de distribuição”, disse a alta representante da União Europeia para Política Externa, Kaja Kallas.

“Todas as opções estarão na mesa se Israel não mantiver suas promessas”, acrescentou, em um possível aceno a sanções contra o governo do premiê Benjamin Netanyahu.

Apenas nesta terça, os ataques israelenses deixaram mais de 40 mortos em Gaza, segundo a emissora árabe Al Jazeera, que cita fontes médicas do enclave.

O balanço inclui sete pessoas que aguardavam ajuda humanitária nos arredores do Corredor de Netzarim, estreita faixa de terra que divide Gaza ao meio. Além disso, outras 16 foram assassinadas em uma ofensiva contra o campo de refugiados de Al-Shati, na Cidade de Gaza.

Enquanto isso, pelo menos 25 pessoas morreram de fome no enclave desde o último domingo (20), incluindo um bebê recém-nascido de 40 dias. (ANSA).