Ao menos 71 jornalistas da etnia uigur, profissionais ou não, estão detidos em Xinjiang, no noroeste da China, afirmou a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) nesta terça-feira (7).

Em um relatório chamado “O grande passo por trás do jornalismo na China”, a associação de defesa da liberdade de imprensa denuncia “uma campanha de repressão sem precedentes promovida pelo governo chinês nos últimos anos contra o jornalismo e o direito à informação em todo o mundo”.

Segundo a RSF, ao menos 127 jornalistas estão detidos em todo o país.

Entre eles, os uigures são o grupo mais numeroso, devido à campanha de repressão organizada nos últimos anos pelo governo do presidente Xi Jinping em Xinjiang, após atentados atribuídos a islâmicos ou separatistas dessa etnia.

Mais de um milhão de uigures foram detidos em centros de reeducação política, segundo associações de defesa dos direitos humanos.

O governo chinês, no entanto, contesta esse número e afirma que são centros de treinamento profissional para afastar seus “alunos” da radicalização.

O governo comunista impôs “um apagão informacional” em Xinjiang, ao impedir a realização de reportagens independentes no local, denunciou a jornalista uigur Gulchehra Hoja que vive no exterior, citada no relatório.

Entre os autores uigures detidos estão o intelectual Ilham Tohti, que recebeu o prêmio Sakharov 2019 do Parlamento Europeu, quem administrava um site que coletava os problemas que afetam sua minoria.

Gulmira Imin, administradora de outro portal, está detida desde 2009.

Xi Jinping “acabou brutalmente” com as esperanças de uma melhora da liberdade de imprensa na China, considerou o secretário-geral de RSF, Christophe Deloire.

No ano passado, 18 repórteres estrangeiros precisaram deixar o país e uma jornalista australiana que trabalhava para a televisão chinesa, Cheng Lei, foi detida.

Ao menos 10 jornalistas, profissionais ou não, foram detidos no início de 2020 depois de terem acompanhado os primeiros dias de quarentena imposta em Wuhan (centro da China) após a detecção da covid-19.