A polícia anunciou a detenção de 71 pessoas, incluindo um britânico e um tunisiano, nas manifestações registradas na sexta-feira à noite em Belgrado, a capital sérvia, que terminaram em distúrbios, para protestar contra a gestão da pandemia pelo governo sérvio.

“Entre os detidos estão muitos estrangeiros, procedentes da Bósnia, de Montenegro, mas também da Grã-Bretanha e da Tunísia”, afirmou o chefe de polícia Vladimir Rebic em uma entrevista coletiva, enquanto as fotografias dos passaportes britânico e tunisiano de dois homens eram mostrados em um monitor.

A maioria dos manifestantes era pacífica, mas alguns grupos, muitas vezes integrados por jovens encapuzados, lançaram fogos de artifício e gritaram slogans nacionalistas ou a respeito da tutela sérvia sobre o Kosovo, antes de atravessar as barreiras de segurança e se aproximar do Parlamento.

As manifestações em Belgrado começaram na terça-feira, depois que o presidente Aleksandar Vucic anunciou a intenção de impor neste fim de semana um confinamento total à população porque as cifras de contágios voltam a subir no país dos Bálcãs, que tem oficialmente 370 mortes causadas pelo novo coronavírus.

Parte da população acusa o governo de subestimar o balanço, abandonar a população e fazer uma gestão incoerente da pandemia.

As autoridades sérvias impuseram em março um dos confinamentos mais estritos da Europa, antes de o presidente Vucic proclamar “vitória sobre o vírus” e suspender as medidas restritivas no país.

Aparentemente, os protestos são espontâneos, sem líderes e à margem dos partidos de oposição tradicionais. Os manifestantes estão unidos em seu repúdio a Aleksandar Vucic, apoiado por um amplo espectro político, que vai da esquerda à extrema direita.

O governo renunciou ao confinamento, mas proíbe as concentrações com mais de dez pessoas, o que na prática equivale a proibir as manifestações, e reduziu o horário de bares, lojas e outros estabelecimentos comerciais.

Nas últimas 24 horas, o país registrou 18 mortes e 386 novos contágios por COVID-19, informou a primeira-ministra Ana Brnabic, lamentando um “aumento dramático”.

Aleksandar Vucic responsabilizou os manifestantes: “Chegamos (a esta situação) devido à irresponsabilidade daqueles que pedem para tomar as ruas”, denunciou. “Imploro que as pessoas não saiam para se manifestar porque vão acabar pedindo ajuda aos médicos”, disse.

Nestas manifestações, “nada é conforme a lei”, insistiu o chefe de Estado.