Mais de 50 pessoas continuam desaparecidas após o naufrágio de um barco de imigrantes que deixou a Líbia, disse o Ministério da Defesa da Tunísia à AFP nesta terça-feira (18), que também informou cerca de trinta sobreviventes.

Cerca de 90 pessoas estavam no barco, disse o porta-voz do ministério, Mohamed Zikri, que especificou que 32 pessoas, todas de Bangladesh, foram resgatadas com vida.

Os sobreviventes foram resgatados quando estavam agarrados a uma plataforma de petróleo ao longo da costa tunisiana. Na noite de terça-feira, um navio militar os transferiu para Tunes, segundo a mesma fonte.

O porta-voz regional da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Flavio Di Giacomo, disse no Twitter que o barco zarpou no domingo do porto líbio de Zuara, a 150 quilômetros de Zarzis.

“Não sabemos a nacionalidade dos mais de 50 desaparecidos”, afirmou à AFP.

Segundo as Nações Unidas, mais de 700 mortes foram contabilizadas no Mediterrâneo entre 1º de janeiro e 17 de maio, contra as 1.400 mortes em todo o ano de 2020.

As saídas a partir da Líbia aumentaram consideravelmente, com 11 mil saídas de janeiro a abril de 2021, 73% a mais que no mesmo período do ano passado, devido à “deterioração” da situação dos estrangeiros no país, segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur).

“Apesar da melhora na situação política, há cada vez mais casos de detenção (de migrantes) e nem o Acnur nem a OIM tiveram acesso aos centros desde março”, afirmou Vincent Cochetel, enviado especial da agência para a região.

Na segunda-feira, a Marinha tunisiana resgatou mais de 100 migrantes, a maioria de Bangladesh e Sudão, cujo barco em que navegavam estava prestes a afundar na ilha de Yerbá.

A OIM lamentou na segunda-feira o fato de que “680 migrantes foram interceptados e levados para a Líbia na noite passada”, de acordo com sua porta-voz, Safa Msehli, no Twitter.

Ela pediu que a comunidade internacional “reconsidere” o apoio às organizações líbias de socorro no mar, em razão das detenções arbitrárias e abusos cometidos contra os migrantes.

– Chegadas dobraram –

As Nações Unidas e as organizações de direitos humanos pedem o fim da prática de devolução à Líbia dos migrantes interceptados no mar, pois estão sujeitos a condições de detenção deploráveis.

Há vários anos a União Europeia apoia as forças líbias que desempenham o papel de Guarda Costeira, interceptando migrantes e encarcerando-os em centros sem um verdadeiro processo legal.

No total, entre 9 e 15 de maio, 1.074 migrantes foram devolvidos à Líbia, segundo a OIM.

As Nações Unidas e as organizações de direitos humanos pedem o fim da prática de devolução à Líbia dos migrantes interceptados no mar, pois estão sujeitos a condições de detenção deploráveis.

Diante das tentativas de encontrar lugares seguros para os requerentes de asilo, o chefe do governo tunisiano, Hichem Mechichi, reiterou na semana passada em Lisboa a oposição de seu país à criação de centros de acolhimento em seu território.

A ministra italiana do Interior, Luciana Lamorgese, e a comissária europeia Ylva Johansson viajarão à Tunísia no dia 20 de maio para discutir ajuda e repatriações.

A Líbia, que tenta emergir de uma década de conflito, continua sendo um centro de imigração ilegal a caminho da Europa, onde dezenas de milhares de migrantes, fugindo de países da África Subsaariana, se encontram nas mãos de contrabandistas.

Até 16 de maio, mais de 13 mil pessoas chegaram irregularmente por mar à Itália, o dobro do número no mesmo período do ano passado, segundo a ONU.