ROMA, 1 MAI (ANSA) – O Ministério da Defesa da Rússia confirmou neste domingo (1º) que dois grupos de civis, com 46 pessoas ao todo, conseguiram deixar a área da siderúrgica Azovstal, em Mariupol, último reduto de resistência ucraniana contra os russos na cidade portuária.
Segundo a agência de notícias Tass, nos grupos estavam 14 mulheres e oito crianças e todos foram retirados em três ônibus.
Essa é a primeira notícia de evacuação da área sitiada em quase uma semana.
Mariupol tornou-se um dos maiores dramas humanitários da guerra na Ucrânia por conta do cerco feito pelas tropas russas desde os primeiros dias de conflito, ainda em fevereiro. A cidade resistiu fortemente às ações militares e foi ficando sem os suprimentos básicos de sobrevivência como água, alimentos, remédios e energia elétrica.
Há cerca de duas semanas, os militares russos e as milícias de Donetsk conseguiram conquistar praticamente todo o território da cidade que tinha, antes do conflito, mais de 400 mil habitantes.
Estima-se que ainda 100 mil estejam presos dentro da localidade que teve mais de 90% de suas construções destruídas.
A defesa de Mariupol está sendo feita tanto por militares ucranianos como por membros da milícia de extrema-direita Batalhão de Azov. E, os combatentes que restaram, na casa das centenas, estão na Azovstal desde então.
O prefeito da localidade, Vadym Boychenko, voltou a acusar as tropas russas de causarem um massacre entre os civis por meio de uma mensagem publicada no Telegram e repercutida pelos sites locais.
“No arco de dois anos, os nazistas mataram cerca de 10 mil civis em Mariupol. Os atuais ocupantes russos mataram 20 mil em dois meses e mais de 40 mil pessoas foram forçadas a deixar a cidade para a Rússia. É um dos piores genocídios de uma população pacífica da história moderna”, disse Boychenko.
Os números totais de vítimas não são possíveis de checar de maneira independente por conta da gravíssima situação em Mariupol. Os russos não dão boletins sobre os mortos ou feridos no local.
Portos ucranianos fechados – O Ministério da Infraestrutura da Ucrânia emitiu uma ordem de fechamento dos portos de Berdiansk, Mariupol, Kherson e Skadovsk “até a retomada do controle” dessas cidades, informa a instituição por meio do portal Ukrinform.
“Em conexão com a guerra de larga escala conduzida pela Federação Russa desde 24 de fevereiro de 2022 contra a Ucrânia e o povo ucraniano em violação do direito internacional, lançando ataques com mísseis em toda a Ucrânia e cometendo crimes contra a nossa comunidade, o Ministério da Infraestrutura adotou a ordem […] sobre o fechamento dos portos marítimos”, diz o comunicado.
Ainda conforme a pasta, “tal decisão foi tomada por causa da impossibilidade de atender navios e passageiros, nem garantir um adequado nível de segurança de navegação e proteção do ambiente durante as operações miliares russas nessas regiões que ameaçam a vida e a saúde humana”.
“As operações nos portos marítimos serão retomadas depois da vitória da Ucrânia sobre os ocupantes russos”, conclui a nota.
As áreas do sul e do leste da Ucrânia são o atual alvo da maior parte dos ataques russos, já que incluem ou estão próximas da península da Crimeia, anexada de forma unilateral pela Rússia em 2014, e a região do Donbass, onde ficam as áreas separatistas de Donetsk e Lugansk. (ANSA).