Pelo menos 34 pessoas estão sequestradas na Colômbia, que enfrenta a pior onda de crimes por grupos armados desde o acordo de paz de 2016 com a ex-guerrilha das Farc, informou a Defensoria do Povo nesta segunda-feira (7).

O órgão estatal que zela pelos direitos humanos não revelou há quanto tempo as vítimas estão em cativeiro, mas garantiu que o número pode ser maior devido à intimidação sofrida por várias populações que as impede de denunciar.

“Faço um novo apelo a todos os grupos armados ilegais e criminosos para que parem com o sequestro; um crime que viola o direito à liberdade e à dignidade humana dos 34 casos denunciados” em todo o país até janeiro, disse o chefe da Defensoria, Carlos Camargo, em vídeo enviado à imprensa.

Ao longo de seis décadas de conflito interno, guerrilheiros, narcotraficantes e paramilitares utilizaram o sequestro como arma de guerra e fonte de financiamento.

No período mais intenso do confronto, no início do século, eram registrados até nove sequestros diários, segundo estatísticas oficiais.

Após sua desmobilização, os ex-chefes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) estão respondendo a um juizado especial de paz por 21.000 sequestros. Se aceitarem a sua responsabilidade e repararem as vítimas, podem receber penas alternativas à prisão.

Embora a violência tenha diminuído com o desarmamento das Farc, a Colômbia vive um novo ciclo de assassinatos, sequestros e deslocamentos nas mãos de grupos que se financiam principalmente do narcotráfico.

“Até agora, em 2022, já foram registrados seis novos casos, mas o número pode ser maior devido à difícil situação de ordem pública em regiões como Arauca [nordeste], onde muitos moradores preferem ficar calados para não serem submetidos à retaliação”, insistiu Camargo.

Especialistas apontam para a ausência do Estado, que não chegou aos territórios isolados após a saída dos rebeldes, o que fortaleceu outras organizações ilegais.

O departamento mais atingido pelo sequestro é Valle del Cauca (sudoeste), com 17 casos, um deles registrado em 12 de janeiro de 2022, segundo a Defensoria.

Os outros sequestros ocorreram em departamentos próximos à fronteira com a Venezuela, como Norte de Santander (8), La Guajira (3), Santander (2) e Arauca (3). Um último caso foi registrado na região de Magdalena Medio (nordeste), segundo o relatório.