O Ministério Público Federal alemão anunciou, nesta terça-feira (12), o indiciamento de 26 supostos membros de um grupo de extrema direita e de uma pessoa que os apoiava, estimando que procuravam derrubar as instituições democráticas alemãs.

Eles são “suspeitos de pertencerem a uma organização terrorista e de prepararem uma traição”, afirmou o MP em comunicado sobre os chamados “Cidadãos do Reich” (“Reichsbürger”).

O desmantelamento desta rede há quase um ano – em 7 de dezembro de 2022 – fez muito barulho e destacou a magnitude da ameaça conspiratória e da extrema direita na Alemanha.

“Desde agosto de 2021, o grupo preparava com um grupo armado uma invasão no Bundestag, a Câmara baixa do Parlamento em Berlim, para prender deputados e derrubar o sistema”, segundo o Ministério Público Federal.

A rede contava com um conselho, cujos membros tinham diferentes competências: “militar”, “interior”, “saúde”, “relações externas” e “justiça”.

Os membros do conselho realizavam reuniões regulares desde fevereiro de 2022.

“Para isso, recrutaram militares, compraram equipamentos e praticaram tiro”, descreve a acusação.

“Ficou claro para os membros que a tomada do poder em preparação envolveria a morte de pessoas”, observa.

Os recursos financeiros da célula totalizavam “cerca de 540 mil dólares” (2,6 milhões de reais na cotação atual), e eles contavam com um “arsenal de cerca de 380 armas de fogo, quase 350 armas brancas (…) e pelo menos 148 mil munições”, acrescenta.

Os membros da associação também adquiriram uma variedade de outros equipamentos militares, incluindo capacetes, coletes à prova de balas, dispositivos de visão noturna e algemas.

Com o tempo, a associação se tornou cada vez mais isolada do exterior.

Os membros e as partes interessadas foram obrigados a assinar uma declaração de confidencialidade.

“Qualquer violação dessa declaração deveria ser considerada traição e era punível com pena de morte”, detalha o Ministério Público.

Um dos acusados é o suposto líder da célula, um aristocrata e empresário septuagenário de Frankfurt, Henri XIII P.R, chamado Prince Reuss e descendente de uma linhagem de nobres do estado regional da Turíngia (leste).

Entre os outros acusados está uma juíza, Birgit Malsack Winkemann, ex-deputada do partido de extrema direita AfD, que trabalhou no Bundestag entre 2017 e 2021.

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