Mais de 150 defensores dos direitos humanos de todo o mundo se reúnem por três dias em Paris para “planejar uma mudança e combater a repressão, o racismo e a discriminação”.

Entre os participantes, está a irmã da vereadora Marielle Franco, militante dos direitos humanos assassinada há seis meses no Rio de Janeiro.

Em um comunicado, os organizadores, incluindo as principais ONGs internacionais neste campo, apontam que a “cúpula mundial sobre direitos humanos” visa “organizar o trabalho dos próximos 20 anos para o avanço dos direitos humanos e a luta pela mudança”.

Este encontrou foi realizado pela primeira vez em Paris há exatamente 20 anos.

Os participantes da conferência serão recebidos nesta segunda-feira no Palácio do Eliseu pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que depois se reunirá com Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile e atual Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos (HCDH).

Este congresso ocorre enquanto os ataques contra defensores dos direitos humanos se multiplicam, segundo os organizadores.

“Em 2017, pelo menos 312 foram mortos”, disse seu comunicado, “Isto é, duas vezes mais do que em 2015, e em quase todos os casos os criminosos agiram com total impunidade”.

“E sabemos que os números para 2018 serão ainda piores”, afirmou Andrex Anderson, diretora executiva da Front Line Defenders, em entrevista coletiva nesta segunda.

“Nos países em que são mortos em maior número – México, Colômbia, Brasil, Filipinas, Guatemala, Honduras -, vemos que a cifra de vítimas é maior do que no ano passado. As ameaças enfrentadas pelos corajosos defensores dos direitos humanos são terríveis “.

“Governos, grandes corporações e outras entidades poderosas perseguem, espionam, prendem, torturam e até mesmo assassinam defensores dos direitos humanos, exclusivamente por defenderem os direitos fundamentais de suas comunidades”, declarou ainda Anderson.

E, de acordo com Cindy Clark, codiretora executiva da Associação pelos Direitos e Desenvolvimento da Mulher (AWID), “a segurança dos defensores de direitos humanos, vítimas da desigualdade, exclusão e múltiplas formas de discriminação, está cada vez mais comprometida por causa de seu trabalho”.

Durante esses três dias, os convidados do congresso participarão de reuniões, workshops e discussões em grupo sobre temas como “proteção dos defensores dos direitos humanos”, “estratégias para o futuro”, “como convencer no contexto atual” e “os riscos específicos ligados ao gênero”.

“Estão presentes, entre outros, o jornalista Matthew Caruana Galizia, ganhador do Prêmio Pulitzer, que busca justiça após o assassinato de sua mãe, a jornalista Daphne Caruana Galizia, há um ano em Malta, a brasileira Anielle Franco, que faz campanha por justiça pelo assassinato de sua irmã, a vereadora Marielle Franco há seis meses, e Hina Jilani, fundadora da Comissão de Direitos Humanos do Paquistão”, informaram os organizadores.

A cerimônia de encerramento, com a apresentação das conclusões do congresso, será realizada na tarde de quarta-feira no Palais de Chaillot, em Paris.