Mais de 1.500 presos fugiram em meio a distúrbios eleitorais em Moçambique

Mais de 1.500 detentos fugiram de uma prisão de alta segurança em Maputo, nesta quarta-feira (25), no terceiro dia de agitação que abalou Moçambique desde que a vitória eleitoral do partido governista, denunciada como fraudulenta pela oposição, foi confirmada.

No total, “1.534 reclusos fugiram” da Cadeia Central de Maputo, localizada a 15 quilômetros da capital, indicou o chefe da polícia nacional, Bernardino Rafael. Na fuga “houve confrontos com os agentes penitenciários”, resultando em 33 mortos e 15 feridos entre os fugitivos.

As operações de buscas levaram à recaptura de 150 foragidos, disse ele.

Cerca de 30 fugitivos pertencem a organizações jihadistas que nos últimos sete anos vêm aterrorizando a província de Cabo Delgado, no norte deste país do sul da África.

“Foram libertados 29 terroristas que tinham sido condenados e estamos preocupados com esta situação”, disse Bernardino Rafael.

De acordo com o chefe de polícia, grupos de manifestantes se aproximaram da penitenciária e criaram confusão, levando a tumultos dentro da instalação, onde os presos quebraram uma parede pela qual escaparam.

Nesta quarta-feira, barricadas continuaram a ser erguidas em vários pontos da capital, controlando os poucos veículos que tentavam circular, e os atos de vandalismo continuaram.

Várias lojas foram saqueadas desde a segunda-feira e várias ambulâncias foram incendiadas, disse um correspondente da AFP.

Alguns manifestantes montaram mesas nas ruas para manter a área ocupada enquanto comemoravam o Natal com suas famílias ou vizinhos nos bairros operários de Maputo.

O Conselho Constitucional ratificou na segunda-feira a vitória da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder desde que a ex-colônia portuguesa conquistou a independência, em 1975.

De acordo com a mais alta corte do país, seu candidato, Daniel Chapo, 47 anos, obteve 65% dos votos nas eleições de 9 de outubro, frente a 24% de seu principal oponente, Venâncio Mondlane.

Mondlane, que denuncia um processo eleitoral fraudulento, havia advertido, antes da decisão do Conselho Constitucional, que atribuir a vitória à Frelimo poderia mergulhar o país no “caos”.

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