Mais de 1.400 mortos em terremoto na Indonésia com pouca chance de sobreviventes

Mais de 1.400 mortos em terremoto na Indonésia com pouca chance de sobreviventes

Mais de 1.400 pessoas morreram no terremoto e tsunami na ilha indonésia de Célebes, onde as necessidades nas zonas devastadas são “imensas” e diminuem as esperanças de se encontrar sobreviventes.

“O balanço total é de 1.407 mortos”, informou o porta-voz da Agência de Gestão de Catástrofes Naturais, Sutopo Purwo Nugroho.

As autoridades estabeleceram prazo até sexta-feira — uma semana depois da catástrofe — para encontrar possíveis sobreviventes. Após a data, as possibilidades serão praticamente nulas.

As equipes de resgate se concentram em algumas zonas ao redor de Palu, cidade da costa mais afetada pelo tsunami, e especialmente no hotel Roa Roa, onde quase 60 pessoas estariam sepultadas nos escombros.

Também trabalham em um shopping destruído, um restaurante e no bairro de Balaroa.

Quase 200.000 pessoas precisam de ajuda humanitária urgente, de acordo com a ONU, incluindo muitas crianças. As autoridades calculam que 66.000 casas foram destruídas pelo terremoto de 7,5 graus e pelo tsunami posterior.

Apesar de o governo ter anunciado que a situação estava sob controle, os moradores de localidades afastadas como Wani, na província de Donggala, afirmam que não receberam qualquer ajuda.

– “Frustração” –

Em Genebra, a ONU expressou frustração com a demora na ajuda às vítimas.

“As equipes que trabalham no local têm o sentimento de frustração”, afirmou Jens Laerke, do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitário (OCHA, na sigla em inglês).

“Ainda não chegaram a partes importantes do que poderia ser a zona mais afetada, mas as equipes se esforçam e fazem o que podem”, acrescentou.

Os sobreviventes lutam contra a fome e a sede, com a falta de água potável e de alimentos, enquanto as autoridades têm dificuldade para atender ao número elevado de feridos.

O aeroporto de Palu reservou as pistas de pouso para o Exército indonésio, mas deve retomar os voos comerciais nesta quinta-feira (4). Fundamentais na região, os portos da cidade também ficaram muito danificados.

Em Palu, a polícia deu tiros de advertência e usou gás lacrimogêneo para dispersar moradores que saqueavam lojas.

Em uma estrada que segue da cidade para o norte, jovens instalaram barricadas para exigir “doações”.

O presidente indonésio, Joko Widodo, que disputará a reeleição no próximo ano, afirmou que a polícia e o Exército mantêm o controle da região e negou saques durante sua segunda visita a Palu desde a catástrofe.

O clima quente e úmido da área provoca a decomposição rápida dos corpos, o que aumenta o temor de doenças.

– Erupção vulcânica –

A energia elétrica foi restabelecida na terça-feira à noite em alguns bairros de Palu. Em outros pontos da cidade, porém, os moradores recorriam a extensões, partindo dos poucos edifícios ainda com alguma corrente elétrica.

A questão sanitária é a cada dia mais grave.

“As pessoas querem ir ao banheiro, mas não há nenhum. Então, precisam fazer as necessidades à noite, perto da estrada”, explica Armawati Yarmin, de 50 anos.

A Indonésia, um arquipélago de 17.000 ilhas que fica no Anel de Fogo do Pacífico, é um dos países mais propensos a sofrer desastres naturais.

Um risco que ficou demonstrado nesta quarta-feira com a erupção do vulcão Soputan, situado no extremo nordeste das Célebes, a 1.000 km de Palu, e que expeliu cinzas a mais de 4.000 metros de altura.

As autoridades pediram aos civis que permaneçam a uma distância de quatro quilômetros do vulcão, mas não ordenaram que abandonem a região.