As bombas de fragmentação, conhecidas como ‘cluster’, mataram ou feriram mais de 1.000 pessoas na Ucrânia desde o início da invasão russa em 2022, informou nesta segunda-feira (9) um observatório, pedindo que este tipo de armamento seja proibido em todos os países.

Desde a invasão russa, a Ucrânia registrou o maior número anual de vítimas de bombas de fragmentação do mundo, segundo o recente relatório da Coalizão contra as Bombas de Fragmentação.

O texto indica que os dois países utilizaram estas armas e que a maioria dos mais de 1.000 mortos ou feridos foram registrados em 2022, embora alerte que os dados de 2023 podem estar subnotificados.

As bombas de fragmentação liberam ou dispersam munições secundárias projetadas para detonar antes, durante ou após o impacto. Dependendo do tipo de armamento utilizado, o número de submunições varia de poucas dezenas a mais de 600.

Podem ser lançadas de aviões ou disparadas com artilharia e representam uma ameaça duradoura: muitas não explodem quando caem, tornando-se minas que podem matar ou mutilar mesmo muito tempo após o fim do confronto.

Na Ucrânia, há mais áreas agrícolas contaminadas por restos de bombas de fragmentação do que por minas terrestres, segundo o relatório.

Antes da guerra, a Ucrânia estava sem registrar vítimas deste tipo de arma há anos. Mas assinalou 916 em 2022, e no ano passado, sofreu quase metade dos 219 incidentes.

“Acredita-se que o número real de vítimas seja significativamente maior”, alertou o observatório.

Nem a Rússia nem a Ucrânia fazem parte da Convenção de Oslo, cujos 112 estados signatários se comprometeram a eliminar e parar de produzir e vender bombas de fragmentação. Apesar disso, ambos os países continuam a utilizá-los.

O relatório afirma que não é possível documentar e atribuir sistematicamente qual parte é responsável por quais ataques ou vítimas.

Os únicos outros dois países onde foram registrados novos ataques com munições de fragmentação no ano passado, Mianmar e Síria, não assinaram a convenção.

Os Estados Unidos, que também não são signatários, causaram grande agitação no ano passado ao decidirem fornecer tal arma a Kiev.

“As ações dos países que não proibiram as munições de fragmentação colocam em perigo os civis e ameaçam a integridade e a universalidade do tratado internacional que proíbe estas armas abjetas”, disse a diretora da coalizão, Tamar Gabelnick.