Por Oleksandr Kozhukhar

LVIV, Ucrânia (Reuters) – Mais de 1.000 fuzileiros ucranianos se renderam na cidade portuária sitiada de Mariupol, afirmou nesta quarta-feira o Ministério da Defesa da Rússia a respeito do principal alvo de Moscou na região do leste ucraniano de Donbas.

Se os russos tomarem o distrito industrial de Azovstal, onde os fuzileiros foram cercados, eles assumirão o controle total de Mariupol, o que permitiria à Rússia reforçar um corredor terrestre entre as áreas separatistas pró-Rússia em Donbas e a região da Crimeia, que ela anexou em 2014.

Sitiada por tropas russas durante semanas, Mariupol seria a primeira grande cidade a cair desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, com a batalha pelo coração industrial de Donbas provavelmente definindo o curso da guerra.

O Estado-Maior da Ucrânia disse que as forças russas estavam prosseguindo com os ataques a Azovstal, mas um porta-voz do Ministério da Defesa disse que não tinha informações sobre qualquer rendição.

Jornalistas da Reuters que acompanhavam os separatistas apoiados pela Rússia viram chamas no distrito de Azovstal na terça-feira.

Na segunda-feira, a 36ª Brigada de Fuzileiros Navais disse que estava se preparando para uma batalha final em Mariupol que terminaria em morte ou captura, pois suas tropas tinham ficado sem munição.

Acredita-se que milhares de pessoas tenham sido mortas em Mariupol e que a Rússia tenha reunido milhares de soldados na área para um novo ataque, disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy.

A Ucrânia diz que dezenas de milhares de civis ficaram presos dentro da cidade, sem meios de conseguirem comida ou água, e acusa a Rússia de bloquear os comboios de ajuda.

O Ministério da Defesa da Rússia disse que 1.026 soldados da 36ª Brigada de Fuzileiros da Ucrânia se renderam, incluindo 162 oficiais.

O líder checheno Ramzan Kadyrov, um firme apoiador do presidente russo, Vladimir Putin, exortou os ucranianos remanescentes escondidos em Azovstal a se renderem.

“Dentro da Azovstal, no momento, há cerca de 200 feridos que não podem receber assistência médica”, disse Kadyrov em uma postagem no Telegram. “Para eles e todos os demais, seria melhor acabar com esta resistência inútil e voltar para casa para suas famílias”.

A televisão russa mostrou fotos do que disse serem fuzileiros em Mariupol, na terça-feira, muitos deles feridos. Também mostrou o que disse serem soldados ucranianos marchando por uma estrada com as mãos para o alto. Um dos soldados foi mostrado segurando um passaporte ucraniano.

A incursão de Moscou na Ucrânia, o maior ataque a um Estado europeu desde 1945, já forçou mais de 4,6 milhões de pessoas a fugirem para exterior, matou ou feriu milhares e deixou a Rússia isolada no cenário mundial.

O Kremlin diz ter lançado uma “operação militar especial” para desmilitarizar e “desnazificar” a Ucrânia. Kiev e seus aliados ocidentais rejeitam a afirmação e dizem ser um falso pretexto para um ataque não provocado.

(Reportagem adicional de Redações da Reuters)

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