A procura por jogadores estrangeiros fortaleceu a atuação de outro setor no futebol. Os empresários de atletas intensificaram o trabalho de indicação de reforços e da organização de rede de contatos com clubes.

O último balanço de transferências divulgado pela CBF provou o quanto os agentes estão atuantes. Apenas em 2017, os times brasileiros gastaram R$ 35,3 milhões em comissões a eles. A possibilidade de se ter mais estrangeiros abriu o mercado nacional para empresários de países vizinhos também.

Boa parte das negociações começam a partir dos próprios empresários, que sabem da necessidade dos técnicos para uma determinada posição do time e oferecem ao clube alguma oportunidade (boa) de reforço.

A tecnologia é outro componente de peso para explicar o aumento de estrangeiros no Brasil. “Com a globalização, as distâncias diminuíram. Quem estiver mais atento pode fazer negócios melhores”, garante o diretor de futebol do Atlético-MG, Alexandre Gallo.

As equipes aumentaram suas comissões de análise de desempenho e passaram a monitorar campeonatos de países vizinhos, numa espécie de olheiro profissional. A utilização de programas de computador virou lei. “Hoje é possível acompanhar campeonatos até da terceira divisão do Chile. Dá para procurar reforços aplicando filtros nesses programas de acordo com a posição e característica que é procurada no atleta”, diz Rui Costa, ex-diretor executivo de Grêmio e Chapecoense.

Se no Brasil os estrangeiros são uma realidade, ainda falta usufruir melhor dessa presença. Para Danyel Braga, diretor de negócios da empresa de gestão CSM Golden Goal, os times poderiam aproveitar a vinda de um colombiano, por exemplo, para realizar ações voltas ao público daquele país. “Falta explorar comercialmente esses reforços. Seria possível gerar vínculo desse atleta com a torcida do seu país, para aumentar as receitas ligadas a isso”, diz.