13/04/2021 - 19:19
RIO DE JANEIRO (Reuters) – A pandemia de Covid-19 está afetando pessoas cada vez mais jovens no Brasil, com dados de hospitais mostrando que no mês passado a maioria dos pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) tinha idade de 40 anos ou menos, de acordo com um levantamento.
O relatório, publicado pela Associação Brasileira de Medicina Intensiva (Amib) no final de semana, foi feito a partir de dados de mais de um terço dos leitos de UTI do país. O documento encontrou um aumento significativo no número de pessoas mais jovens que foram admitidas em leitos de tratamento intensivo.
Pela primeira vez desde que o vírus chegou ao Brasil no ano passado, 52% dos leitos de UTI foram ocupados por pacientes com 40 anos de idade ou menos em março, um salto de 16,5% se comparado à taxa de ocupação desse grupo etário entre os meses de dezembro e fevereiro.
Não está claro o motivo de pessoas mais jovens desenvolverem quadros mais graves da doença durante a atual onda do vírus no Brasil, mas alguns cientistas acreditam que a nova variante P.1, originada na cidade de Manaus, no Amazonas, pode carregar pelo menos parte da culpa.
Outros fatores, como a vacinação dos mais velhos e o comportamento das pessoas mais jovens que podem se sentir menos preocupadas para sair e socializar, podem estar influenciando no chamado rejuvenescimento da pandemia no país.
Em um relatório separado, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmou que a tendência estava colocando uma pressão adicional sobre o sistema de saúde brasileiro, uma vez que pacientes mais jovens têm uma tendência a passar mais tempo em UTIs.
O Brasil é atualmente o país com o maior número diário de mortes por Covid-19 no mundo, com o total de óbitos registrados em 24 horas superando a casa de 4 mil na semana passada.
A pandemia está sobrecarregando os hospitais até o limite, ao ponto de muitos pacientes morrerem antes de conseguirem um leito de UTI.
Mais de 350 mil pessoas morreram por conta do coronavírus no Brasil, que tem o segundo maior número de mortos na pandemia, atrás apenas dos Estados Unidos.
(Reportagem de Pedro Fonseca e Stephen Eisenhammer)