Os dinossauros eram em sua maioria animais de sangue quente, como as aves e os mamíferos, diferentemente dos répteis, que têm sangue frio, revelou um estudo publicado nesta quarta-feira (25) na revista científica Nature.

O estudo usou uma nova técnica de medição do metabolismo, ou seja, da capacidade de transformar oxigênio na energia necessária para a vida, informaram os cientistas, chefiados pela paleobióloga Jasmina Wiemann, do Instituto de Tecnologia da Califórnia.

Os animais de sangue quente, como as aves e os seres humanos, têm um metabolismo elevado. Absorvem muito oxigênio, necessário para a produção das calorias que lhes permitem gerar calor e permanecer ativos.

Os animais de sangue frio, como os répteis, ao contrário, têm uma atividade mais moderada e a manutenção de sua temperatura corporal depende das condições externas. Não pegam sol por prazer, mas por necessidade.

O metabolismo dos dinossauros sempre foi um dilema, pois as aves, que são seus descendentes, têm sangre quente, mas seus ‘primos’ próximos, os crocodilos, têm sangue frio.

Em 2014, um estudo chegou a definir os dinossauros… Como animais de sangue quente. Mas as medições do metabolismo destes sauros sempre foram feitas por meios indiretos e pouco confiáveis.

A pesquisa publicada na Nature examina diretamente, ao contrário, o uso do oxigênio e em particular seus vestígios ósseos.

Tratam-se de “restos” que “registram a quantidade de oxigênio que um dinossauro respirava e, portanto, seu metabolismo”, explicou Jasmina Wiemann em um comunicado.

– Extinção em massa –

Os pesquisadores aplicaram este método não destrutivo, baseado na espectroscopia infra-vermelha, em fêmures de 55 grupos de animais, incluindo dinossauros, para medir “os marcadores moleculares [dos restos] vinculados às taxas metabólicas”, destacou Wiemann.

As observações demonstraram que nos dois grandes grupos de dinossauros, o dos ornitísquios tinha espécimes de sangue frio, como os tricerátops, com sua ‘gola’ protetora e seus chifres imponentes; ou o estegossauro, com sua espinha dorsal característica – herbívoros enormes e lentos.

O outro grupo de dinossauros, o dos saurísquios – os mais numerosos por sua quantidade de espécies e sobretudo por seus descendentes – era, ao contrário, de sangue quente.

Fazem parte deste grupo alguns herbívoros gigantes, como os saurópodes, e carnívoros popularíssimos, como o tiranossauro ou o velociraptor, que saltou para a fama no filme “Jurassic Park – Parque dos Dinossauros”.

Dos saurísquios procedem todas as linhagens das aves, únicas descendentes dos dinossauros que sobreviveram à grande extinção das espécies ocorrida há 65 milhões de anos.

Em algum momento formulou-se a hipótese de que o sangue quente e o metabolismo teriam sido a chaves para que os pássaros tivessem conseguido superar esta catástrofe climática provocada pelo impacto de um grande asteroide.

Segundo o estudo, estes fatores não foram, no entanto, de nenhuma ajuda para os dinossauros.

“Estamos vivendo a sexta extinção de espécies e por isso é importante entender como os animais atuais e os extintos responderam às mudanças climáticas e às perturbações ambientais”, escreveu a cientista.

Esta compreensão pode ser útil para enfrentar os próximos desafios da biodiversidade.