Há uma tendência de redução na taxa de desemprego em quase todas as regiões do País, com exceção do Sul. No entanto, a geração sazonal de vagas ainda não foi suficiente para impulsionar um aumento mais significativo na ocupação e um recuo generalizado na taxa de desemprego, explicou Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa de desemprego recuou de 12,0% no segundo trimestre de 2019 para 11,8% no terceiro trimestre. No entanto, a taxa de desocupação ficou estatisticamente estável – dentro do intervalo da margem de erro da pesquisa – em 25 das 27 Unidades da Federação.

“No caso do dado do Brasil, somente a construção teve aumento significativo (na geração de vagas), as outras atividades ficaram (estatisticamente) estáveis. Em termos dessa sazonalidade esperada para o trimestre, de (alta na) ocupação, ela ainda não está sendo observada”, avaliou Adriana.

No terceiro trimestre, a construção absorveu 254 mil trabalhadores a mais do que no segundo trimestre do ano. A ocupação no setor, porém, ficou concentrada no Sudeste, especialmente em São Paulo, e ainda muito calcada na informalidade.

“Apesar de a construção ter sido único setor com aumento significativo no terceiro trimestre, as demais atividades também estão tendo trajetória de crescimento. Não é um crescimento suficiente para movimentar essa ocupação geral. A construção, que chamou a atenção no Brasil, foi puxada pelo Sudeste. Foi muito concentrado em São Paulo, porque no segundo semestre teve muitos lançamentos e vendas (imobiliárias). Então esses lançamentos e vendas podem ter mobilizado todo um contingente atrelado a acabamentos, suplementos”, explicou Adriana.

O Estado de São Paulo registrou 118 mil pessoas a mais trabalhando no setor de construção no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre do ano.

“Esse contingente era de trabalhadores por conta própria e empregados sem carteira, são serviços elementares da construção: pedreiro, servente de pedreiro”, disse a pesquisadora do IBGE.

A taxa de desemprego em São Paulo recuou de 12,8% no segundo trimestre para 12,0% no terceiro trimestre, o que pode ser encarado como um sinal positivo, já que a região tem “efeito farol”, ou seja, costuma antecipar fenômenos que podem ocorrer no restante do País, lembrou Adriana Beringuy.

Outro bom indício trazido pela pesquisa foi a redução no contingente de desempregados que buscam por uma vaga há dois anos ou mais. O total de pessoas nessa condição caiu de 3,187 milhões no terceiro trimestre de 2018 para 3,150 milhões no terceiro trimestre de 2019.

“Foi a primeira queda para terceiros trimestres depois de quatro anos de crescimento”, ressaltou Adriana. “A gente não teve expansão no desalento, não é por aumento do desalento”, concluiu.