24/04/2020 - 15:08
ROMA, 24 ABR (ANSA) – Considerado um dos principais jornais da Itália, o diário La Repubblica entrou em greve nesta sexta-feira (24) devido à mudança de seu até então diretor, Carlo Verdelli, após a Exor, holding italiana da família Agnelli, assumir o controle do grupo editorial da publicação, Gedi. A decisão ocorre um dia depois da Exor adquirir 43,78% das ações da empresa que edita tanto o La Repubblica quanto o La Stampa, de Turim, além de inúmeras revistas, incluindo o influente semanal L’Espresso. A antiga proprietária era a holding CIR, controlada pela família De Benedetti. A greve foi anunciada depois que a família Agnelli anunciou alterações na direção dos dois principais jornais do país e do HuffPost digital, que terá Mattia Feltri para substituir Lucia Annunziata. O Conselho de Administração do grupo Gedi nomeou Maurizio Molinari, que era diretor do “La Stampa”, para substituir Verdelli, que ocupava o cargo desde fevereiro de 2019.
Já o jornal de Turim será comandado a partir de agora por Massimo Giannini. A troca de liderança no “La Repubblica”, no entanto, foi rejeitada pelos jornalistas, provocando uma paralisação na produção diária de notícias no site e na distribuição do jornal impresso até meia-noite desta sexta. Em comunicado, a publicação garantiu que “a iniciativa dos jornalistas não pretende ser um ato hostil ao novo diretor, a quem a equipe editorial agora oferece sua colaboração com o mesmo compromisso, dedicação e espírito de sacrifício que acompanhou todos os anteriores”, mas “não pode deixar de notar como a escolha cai em um momento nunca antes visto no país e em todo o planeta, atacado por uma pandemia que semeia dor e morte”. O jornal italiano ainda observa que, nos últimos dias, Verdelli recebeu várias ameaças de morte anônimas nas redes sociais, depois de uma polêmica capa em 15 de janeiro, na qual trazia o título “Cancelem Salvini” em uma entrevista com o ex-ministro Grazaiano Delrio sobre o líder de extrema-direita Matteo Salvini. Em um artigo no site do jornal, Verdelli, por sua vez, lamentou a situação e a crise causada pelo novo coronavírus, além de agradecer “a paixão” demonstrada por sua redação. (ANSA)