Ricardo Duarte, de 67 anos, conhecido na praia de Iracema, em Fortaleza, como “Ricardo Tubarão” costuma nadar há anos durante as madrugadas no local sem nunca ter sofrido nenhum tipo de acidente. Na semana passada, no entanto, o nadador quase se afogou após ser atacado por águas-vivas.

Nas últimas semanas, o litoral cearense vem registrando a presença intensa dessa espécie. Ricardo relembra que já chegou a sofrer queimaduras de água-viva em outras oportunidades. “Nunca senti nada mas nesse dia senti uma dor imensa no braço mesmo estando com a roupa apropriada para nadar”, afirma.

Ele relata que após a queimadura teve uma crise de tosse seguida por secreções no nariz e na boca. Ele também descreve que sentiu a temperatura do corpo aumentar além de observar uma vermelhidão na pele.

“Perdi as forças, já não sentia mais nada no meio do mar. Comecei a sentir um calor imenso, o braço doendo muito, a maior dor do mundo, e comecei a apagar”, afirma.

De acordo com o Corpo de Bombeiros do Ceará, além das reações apresentadas por Ricardo, pessoas que são feridas pelos animais podem apresentar ainda coceira intensa e inflamação na região onde a queimadura aconteceu.

Sob os efeitos da reação alérgica, Ricardo afirma ter se segurado na prancha de segurança enquanto perdia os sentidos. Foi nesse momento que a equipe feminina de canoagem Kailani’s avistou o nadador na água.

Máyra Thé, empresária de 37 anos, foi uma das pessoas que auxiliou no resgate do nadador e relembra que, ao concluírem o treino do dia, observaram uma pessoa imersa, apenas com a cabeça para fora, um comportamento atípico. “Colocamos ele na canoa e levamos até a beira da praia, ele tossia muito”, relembra.

Além dela, outras cinco pessoas estavam na canoa que socorreu o nadador e uma delas é enfermeira, tendo realizado os primeiros socorros durante o percurso até a areia.

Ricardo foi encaminhado ao Hospital São Raimundo onde passou algumas horas sob supervisão médica recebendo medicamentos. Segundo ele, o diagnóstico que recebeu foi de um choque anafilático, tipo grave de reação alérgica, e agora está impedido até a total recuperação de nadar os quilômetros que habitualmente fazia durante as madrugadas.

“Já sofri dois infartos, tenho três stents no coração, e uso cardioversor desfibrilador. A medicina fica louca com um cara que faz isso”, brinca.

O que fazer em caso de queimaduras?

– O Corpo de Bombeiros do Ceará orienta que, no caso de ser tocado por águas vivas, o banhista use a própria água do mar, vinagre ou soro fisiológico gelado para limpar o local. Segundo a corporação, esses produtos impedem que o veneno do animal siga entrando na pele e alivia a dor.

– Em caso de predisposição alérgica é preciso estar atento a sinais como dores pelo corpo, mal-estar ou vômito e buscar atendimento médico imediatamente.

O que não fazer se for queimado por água-viva

– Encostar na área afetada, isso pode queimar a mão e espalhar o veneno para outras partes do corpo;

– Jogar água doce no local irá potencializar a ação do veneno;

– Coçar e esfregar.

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