O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Leandro Secunho, afirmou nesta segunda-feira, 27, que o mês de maio foi bastante positivo para a emissão de títulos da dívida federal. “Foi possível fazer emissões em volume considerável”, disse em coletiva.

No mês passado, o Tesouro emitiu R$ 55,803 bilhões, e o volume de resgates atingiu R$ 11,483 bilhões, considerando a Dívida Pública Federal (DPF). Com isso, houve emissão líquida de dívida pública de R$ 44,319 bilhões.

Desses valores, a Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) respondeu por praticamente a totalidade das emissões (R$ 55,802 bilhões) e dos resgates (R$ 11,109 bilhões). Com isso, a emissão líquida foi de R$ 44,692 bilhões).

“Houve concentração grande de emissão de papeis prefixados”, disse Secunho. Segundo os dados do Tesouro, 75,33% das emissões em maio foram de títulos prefixados, num total de R$ 42,037 bilhões. “Esse volume se deveu à rolagem dos vencimentos de 1º de abril. Ao longo do ano, esperamos que toda a dívida seja rolada”, acrescentou o coordenador.

Em termos de resgates, o maior volume (R$ 10,317 bilhões) foi de títulos atrelados a índices de preços. “Isso já era esperado, pois o título paga cupom semestral nos meses de maio e novembro”, explicou Secunho.

Neutralidade

O Tesouro Nacional tem buscado a neutralidade ao administrar emissões e resgates da dívida pública federal, afirmou Secunho. “O que vence, o Tesouro vai pagar com novos títulos”, disse. Com isso, o objetivo é ter uma emissão líquida igual à zero em 2016, com crescimento do estoque da dívida pública apenas pela apropriação dos juros.

“Expectativa é que encerremos o semestre já com uma emissão líquida próxima de zero, mas o objetivo do PAF é ter isso também ao fim do ano”, ressaltou Secunho, em referência ao Plano Anual de Financiamento.

Ainda que haja uma dificuldade momentânea para rolar a dívida pública, o coordenador-geral ressaltou que o Tesouro tem caixa para honrar o que vence pelos próximos seis meses. “Se o Tesouro não emitir mais nada em leilões, temos caixa para pagar o que vence nos próximos seis meses.”

Secunho disse ainda que não há previsão de revisões das metas do Plano Anual de Financiamento de 2016. Pelo PAF, a meta para o estoque da dívida é que fique entre R$ 3,1 trilhões e R$ 3,3 trilhões. Em maio, o estoque atingiu R$ 2,878 trilhões.

“Em abril fizemos avaliação interna e não foi preciso mexer na meta do PAF. Expectativa é que em agosto também não haja mudança”, disse o coordenador-geral. “Não temos mudança de metas no PAF dentro do nosso planejamento.”

Não-residentes

A queda na participação de estrangeiros na DPMFi em maio, para 16,60%, de R$ 17,39% no mês anterior, não é vista com preocupação pelo Tesouro Nacional, afirmou Secunho. “Não vemos isso como problema”, disse. “Além disso, já temos visto entrada de estrangeiros na dívida em junho.”

Segundo Secunho, a queda da participação dos estrangeiros em maio se deve principalmente à venda de títulos com vencimento em julho. “São títulos de curtíssimo prazo. Os investidores estrangeiros se antecipam e vendem papeis com vencimento próximo”, disse.

O coordenador-geral afirmou ainda que houve aumento na participação de estrangeiros em títulos de longo prazo, o que mostra que não há motivos para preocupação em relação à saída de não residentes em maio. “Preocupação seria se houvesse saída consistente de títulos de longo prazo, o que poderia causar instabilidade no mercado”, explicou Secunho, ressaltando que este não é o quadro do Brasil.

O Tesouro afirmou ainda que não há meta para a participação de estrangeiros na dívida interna. “Não há nenhuma ruptura”, disse Secunho. “Não vemos isso (redução de participação) como problema, óbvio que existem volatilidades, incertezas, mas não necessariamente isso está relacionado ao Brasil.”

Brexit

O coordenador geral de operações da Dívida Pública disse que o movimento do mercado de títulos após a decisão do Reino Unido pela saída da União Europeia (o chamado Brexit) foi “ameno” na última sexta-feira, 24. De acordo com ele, o Tesouro pode esperar um pouco mais para realizar uma nova emissão externa, mas não vê o resultado do referendo britânico com preocupação. “Na sexta-feira, reação foi bastante suave nos títulos internos. Nos títulos externos, impacto foi ainda menor”, disse Secunho.

Como exemplo, ele citou que o Global 2026, emitido em março a 6,12%, estava sendo negociado a 5,24% no encerramento de quinta-feira antes do resultado da votação no Reino Unido e encerrou a sexta-feira sendo negociado a 5,28%. “Não vemos o Brexit com preocupação, mas, se houver volatilidade, o Tesouro está pronto para atuar”, completou.

O coordenador geral avaliou também que o governo poderá esperar “um pouco mais” para realizar uma nova emissão externa. Ele lembrou que o Tesouro tem dólares para honrar dívida externa até julho de 2017. “Uma vez que não há necessidade de captar recursos no mercado internacional para fazer frente a vencimentos, podemos esperar momento mais adequado. Em um momento de incerteza, de volatilidade no mercado, podemos esperar um pouco mais”, afirmou.