O ex-piloto de Fórmula Um argentino Juan Manuel Fangio foi pentacampeão mundial da categoria. Dominou de forma absoluta as pistas nos anos de 1950. Mesmo assim, ele sempre tratou de relativizar seu favoritismo com uma frase que repetia: “Corridas são corridas”. Ou seja: seus resultados costumam ser imprevisíveis. Na corrida para se reeleger presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) largou com imensa vantagem. Faltando menos de três semanas para a eleição, Maia já arregimentou o apoio de 12 legendas, entre as quais o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro que, sozinho, terá 52 parlamentares a partir de fevereiro. Em tese, ele já tem os votos necessários para um novo mandato de dois anos no comando da Casa.

“Vontade de trair”

Até o momento, já anunciaram apoio a Maia, além do PSL, partidos como PSD, PR, PRB, PSDB, DEM, SD, Podemos, PPS, Pros, PSC e Avante. Ao todo, estes partidos reúnem 262 parlamentares. Maia precisa de 257 votos para se reeleger. O problema, contudo, é que estes acertos foram feitos diretamente entre Maia e os líderes destas legendas, o que não garante necessariamente a adesão automática de todos os deputados de cada partido à sua aspiração. Principalmente porque, na quarta-feira 9, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Antônio Dias Toffoli, decidiu que a votação, tanto na Câmara quanto no Senado, será secreta. É absurdo que deputados e senadores, que são representantes da sociedade que os elegeu, tomem decisões secretas no Congresso. Mas é o que prevê os regimentos das duas Casas. E Toffoli decidiu manter assim. O célebre ex-presidente da Câmara Ulysses Guimarães costumava dizer sobre votações secretas: “Voto secreto dá uma vontade danada de trair”.

Outros que buscam se cacifar na disputa são o terceiro-secretário da Câmara, deputado JHC (PSB-AL), Kim Kataguiri (DEM-SP), Alceu Moreira (MDB-RS) e Capitão Augusto (SP). JHC, por exemplo, deve contar com a adesão de integrantes do próprio partido e de membros da esquerda. O deputado federal Marcelo Freixo (Psol) também entrou na disputa, mas deve fazer apenas figuração. O parlamentar dificilmente obterá votos até mesmo das siglas de esquerda, como o PT.

Há quem avalie que essa fragmentação de candidaturas deixa margem para surpresas. Já aconteceu em casos de disputas com muitos nomes. O episódio mais notório foi a eleição de Severino Cavalcanti em 2005. No caso de Maia, a adesão do PSL e a aproximação com a base do governo desandou conversas que ele vinha tendo com a oposição, tanto com o PT quanto com o bloco formado por PDT, PSB e PCdoB. Esses partidos ainda não declararam como votarão. É provável que, ao final, acabem costurando o apoio para não ficarem fora das composições da nova Câmara. Mas sempre há margem para surpresas. Afinal, “corridas são corridas”.

Os partidos que apóiam Maia somam 262 parlamentares. Ele precisa de 257 votos para se reeleger

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