Brasília, 27/4 – O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou hoje, durante evento pelo aniversário de 44 anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que há um redirecionamento das estratégias na instituição neste momento. Segundo ele, o Brasil deve cobrar pelo que faz de melhor: a pesquisa agropecuária. “Todos querem o que o Brasil tem, ou seja, o conhecimento. Mas este conhecimento custou bilhões de reais, bilhões de dólares. Não podemos entregar a troco de nada”, disse o ministro. “A Embrapa está disponível a outros países, mas vamos negociar.”

Maggi contou que, em viagem à Coreia do Sul, disse a interlocutores que eles eram vendedores de tecnologia digital ao Brasil. “E vocês querem a informação, o conhecimento da parte agrícola do Brasil, sem pagar nada?”, disse. “O conhecimento da agricultura é nosso, ele pertence a nós.” O ministro afirmou que a Embrapa está perdendo terreno e precisa ser revigorada. “O modelo da Embrapa constituído há 44 anos não é mais o vigente hoje no mundo”, disse. “Só que o enfrentamento necessário não será feito apenas com o dinheiro da União, porque nós não temos”, acrescentou.

O comentário de Blairo surge em um contexto de contenção de orçamento na Embrapa, em função da crise econômica. “O Brasil vive momento de crise muito grande. O País não tem condição hoje de fazer enfrentamentos”, disse. De acordo com o ministro, a prioridade atual do governo é fazer as reformas e, segundo ele, o presidente Michel Temer “está correto em relação a mudanças a serem feitas”. “A economia é fruto do planejamento que o País tem. Convoco a Embrapa a pensar fora da caixinha, fora do momento de dificuldade”, afirmou.

Durante seu discurso, Blairo Maggi também citou a importância da Embrapa para o setor produtivo. “O Brasil, até a década de 1980, era importador de alimentos, de fibras. Diferentemente de muitos países que receberam da natureza solos férteis, vemos que no Brasil não foi assim”, afirmou. “Nossos solos são extremamente fracos, as terras são pobres. O conhecimento da Embrapa deu oportunidade de o Brasil ser um dos maiores do mundo em alimentos.”


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