Na semana passada, a Suécia entrou definitivamente para a história política do mundo. Na segunda-feira 29 foi eleita, pela primeira vez, uma mulher para o cargo de chefe do governo. Trata-se da líder do Partido Social-Democrata, Magdalena Andersson. A grande novidade a colocar a Suécia em destaque é, no entanto, o fato de Magdalena ter sido eleita duas vezes pelo Parlamento, para a mesma função, e isso no espaço de uma semana. É algo que jamais aconteceu. Quando ela foi levada ao cargo de premiê, nele permaneceu por poucas horas, e decidiu renunciar em meio aos desentendimentos e à acirrada disputa na questão do Orçamento. Pois bem, passaram pouquíssimos dias, e realizou-se nova eleição. Mais uma vez Magdalena venceu — e, nas duas ocasiões, obteve cento e um votos favoráveis, cento e setenta e três contrários e setenta e cinco abstenções. Mesmo com mais parlamentares votando contra, ela venceu porque, na Suécia, para o candidato perder é preciso que a maioria absoluta vote contra (o número seria cento e setenta e cinco votos). Magdalena montará um governo minoritário, integrado somente por seu próprio partido, que detém cem cadeiras das trezentas e quarenta e nove que compõem o Parlamento. Desde a sua formação, em 1876, a Casa teve trinta e três homens como primeiro-ministro.

Indígenas
A inteligente parceria da seLecT com a Flip

HISTÓRIA Na capa, a pintura “Na
Terra Sem Males”, de Jaider
Esbell (1979-2021), artista indígena do povo Macuxi

Especializada em artes visuais, design, cultura contemporânea e tecnologia, a revista seLecT comemora com brilhantismo dez anos de existência e um ano de publicação de edições dedicadas às florestas e aos povos indígenas do Brasil. Foram quatro revistas digitais (trimestrais). Agora, em dezembro, é lançada uma seLecT impressa especial: a SELECT Floresta, reunindo todo o conteúdo de 2021, que será parte integrante da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). No sábado 4, a revista organiza a mesa “Crítica da Arte Indígena Contemporânea”, com mediação do historiador de arte Renato Menezes e participações do artista Denilson Baniwa e da crítica de arte Lisette Lagnado. No domingo 5, os debates abordam plantas no painel “Sementes da Mudança”, com mediação da crítica de arte Daniela Labra e as presenças da artista brasileira de carreira internacional Maria Thereza Alves e da pesquisadora de plantas medicinais Neide Antunes de Sá. “Discutiremos qual é a revisão que nós, jornalistas e críticos de arte, temos de fazer de nossos cânones para escrevermos sobre a arte indígena”, diz a diretora editorial de seLecT,
Paula Alzugaray.

Artes plásticas
A Galeria Millan e o pintor Paulo Pasta tornam o “presente mais leve”

INSPIRAÇÃO E TRABALHO Paulo Pasta diante de uma de suas telas: criatividade em meio à crise da sanitária e política (Crédito:Ana Pigosso)

Ao longo de praticamente todo o ano passado, o conceituado artista plástico paulista Paulo Pasta e o curador Ronaldo Brito encontraram-se para refletir e discutir dois temas recorrentes: a gravidade sanitária provocada pela Covid-19 e a irresponsabilidade do governo federal em relação a ela. Dessa troca de idéia montou-se em São Paulo uma extraordinária exposição de quadros na Galeria Millan, abordando o assunto sobre os qual eles tanto conversaram. A mostra chama “Correspondência”. Quem visitá-la poderá contemplar as cerca de vinte telas pintadas em grandes e pequenos formatos e
terá acesso aos textos que norteiam a exposição. “O nosso objetivo é o de deixar mais leve o tempo presente”, disse o artista Pasta à ISTOÉ.

União europeia
A França como laboratório da ultradireita

ERIC ZEMMOUR: Condenação por incitar discriminação racial e intolerância religiosa (Crédito:Serge Tenani)

Políticos neófitos que se autoproclamam “salvadores da pátria” não são uma jabuticaba — dão aqui no Brasil, mas também em diversos países. Enfoquemos a França, que inevitavelmente foi assunto ao longo da semana passada. Éric Zemmour diz abertamente que é ultradireitista (de qualquer forma, se não o fizesse, seria fácil notar devido as suas falas e atitudes), sempre demonstrou a mais profunda admiração pelo ex-presidente americano Donald Trump e repete que precisa “livrar a França das minorias que oprimem a maioria”. “Isso é decadência”, afirma ele no mais puro estilo do populismo totalitário. Pois bem, Zemmour acaba de lançar-se candidato à Presidência francesa nas eleições de abril do ano que vem. Desde setembro, ele vem fazendo campanha como pré-candidato, chegou a ser apontado em pesquisas como o principal nome de oposição ao atual presidente Emmanuel Macron, e, ainda que sua popularidade tenha caído nos últimos dias, a dimensão de sua votação — mesmo que ele não seja eleito — é parâmetro para que a extrema-direita europeia saiba se está ou não recuperando algum terreno após perda de força na Itália e Alemanha. Para se ter uma idéia do extremismo de Zemmour, os próprios conservadores o consideram à direita de Marine Le Pen, representante máxima na França dessa corrente ideológica. Zemmour já foi condenado por incitação aos crimes de discriminação racial e intolerância religiosa.