GAZA, 25 JUL (ANSA) – Antes da guerra, ela pesava 72 quilos; agora, Nermin pesa apenas 48. Às vezes, ela vai sozinha à praia na Faixa de Gaza para chorar, longe dos filhos. “Fui deslocada mais de 10 vezes durante a guerra. Em cada uma delas, tive que recolher colchões e cobertores e reconstruir uma [nova] tenda”, conta, descrevendo dias intermináveis na “busca desesperada de comida e água potável” para os filhos.
Aos 34 anos e mãe de quatro crianças, Nermin é uma entre tantas mães palestinas em Gaza que lutam pela sobrevivência da prole e pela própria.
“Quando deixo meus filhos na tenda e vou para a fila de ajuda humanitária, fico louca, [pois] não há filas padronizadas; é uma luta até o último pedaço de pão”, relata, quase sem forças.
Desde o início da guerra, há 20 meses, como muitas outras mulheres em Gaza, Nermin, que vivia no norte do enclave, mas teve que abandonar sua casa e se transferir para a região central, foi forçada a buscar abrigo em escolas que se transformaram em abrigos para deslocados cada vez mais inseguros.
Fazer fila para ir ao banheiro ou tomar um banho rápido a cada duas semanas sob os ataques diários “é uma situação insana”, explica ela, tentando descrever o desespero a que estão submetidas.
“Quando as mulheres não conseguem encontrar comida, assistência médica e boa higiene, enfrentam a perspectiva aterrorizante de perder seus filhos ou morrer”, diz Nermin, entre lágrimas, antes de acrescentar: “Não sei como consegui sobreviver quase dois anos nesta guerra aterrorizante”.
O mesmo drama vive Oum Adham, de 54 anos, mãe de sete filhos e avó de 12. Após perder a casa em um bombardeio, atualmente ela e seus descendentes vivem em uma zona para refugiados na cidade de Nuseirat.
“Antes, nos alimentávamos duas vezes aos dia, mas agora não temos mais nada para comer”, conta Oum, que há três dias perdeu um dos filhos em meio aos ataques contra deslocados que buscavam receber ajuda humanitária. A ofensiva também feriu gravemente um de seus genros. Como se não bastasse, na última quinta-feira (24), seu filho caçula foi ferido na perna.
“Perdi o senso de ser mulher; minhas filhas não são mais meninas bonitas; estamos passando fome e nos sentindo frustradas”, declara. (ANSA).