As favelas de Heliópolis e Vila Brasilândia, em São Paulo, e da Rocinha, no Rio de Janeiro, foram as primeiras comunidades a integrar o projeto Mães da Favela On. Idealizado pela Central Única das Favelas (CUFA), a iniciativa pretende conectar digitalmente 2 milhões de pessoas em 5 mil favelas, com a distribuição gratuita de 500 mil chips de celular por seis meses. Os chips custariam R$ 30 para a habilitação, mas foram doados pela TIM, com um investimento de R$ 15 milhões. Também serão instaladas antenas nas comunidades para que as pessoas possam ter acesso gratuito à internet. A meta agora é conseguir mais investidores para o projeto.

O fundador da CUFA, Celso Athayde, contou que a ideia surgiu durante o combate à miséria na pandemia. A CUFA se articulou para distribuir cestas-básicas de alimentos e vale-refeição de R$ 240 para cada família. No total, foram mobilizados R$ 145 milhões, com o envolvimento de 150 empresas. A distribuição dos benefícios era feita para as mães e acompanhando o processo notou-se outra grande carência: a internet. “As mães seriam as que mais iam sofrer. Elas estavam sem trabalho e os filhos sem escola”, disse Athayde. A ideia prosperou, principalmente, pelo conceito apresentado por Celso Athayde. “A gente vem mostrando que a favela é uma potência. Produzimos e consumimos R$ 119 bilhões por ano. Somos potência”, reafirma entusiasmado o ativista.

“A gente vem mostrando que a favela é uma potência. Produzimos e consumimos R$ 119 bilhões por ano” Celso Athayde, fundador da CUFA (Crédito:Divulgação)

Com o objetivo de participar das ações sociais promovidas pela CUFA, a conselheira da Península, Geyze Diniz, logo se aproximou de Celso Athayde. Ela conta que ele utiliza uma frase bem popular nos encontros: “Quem vem comigo?”. Geyze disse que entendeu melhor o funcionamento da CUFA e como todas as ações chegavam diretamente às pessoas necessitadas, o apoio foi imediato. Outro fator foi conectar as mães. “Elas são a figura central da família e quem tem o melhor discernimento do uso do dinheiro”, disse a conselheira. A diarista Elaine Torres concorda. Ela mora em Heliópolis e foi a primeira beneficiária do projeto. “Meus filhos estavam sem estudar. Hoje os meninos conseguem acompanhar as aulas de forma remota. Caiu como um socorro”, explica a dia diarista.

Desde 2012 a ONU reconhece a conectividade digital como um fator de cidadania. “Damos apoio técnico e criamos um conteúdo específico para as mães ajudarem seus filhos nas aulas”, disse a diretora da Unesco, Marlova Noleto. Ela lembra que a CUFA tem um jeito muito genuíno em pensar soluções para a favela. Por isso, Celso Athayde tem ganhado muitos prêmios como o “Heróis da Pandemia” concedido pela MTV, representando a CUFA.