Aos 39 anos de idade, Mariana Rios abriu o coração sobre sua definição atual de mãe tentante no quadro “IstoÉ Gente como a Gente” — projeto do site IstoÉ Gente, que aborda o lado pessoal e espontâneo de personalidades brasileiras —, desta semana.
A atriz, que no momento se dedica ao processo de engravidar — após sofrer um aborto espontâneo em 2020 —, mostrou que o acesso à informação é uma das chaves para receber apoio e acolhimento em momentos de muita ansiedade.
Por isso, ela criou o projeto “Basta Sentir Maternidade”, que tem como propósito orientar todas as mulheres que, assim como ela, querem se tornar mães – seja engravidando ou por adoção.
“Eu acho que querer ser mãe é diferente de querer engravidar. Eu quero ser mãe, a minha energia está toda voltada para a tentativa de engravidar. Mas, o desejo maior é ser mãe […]”, declara.
“Eu preciso saber qual é o meu foco nesse momento, tudo que eu vou tentar, e qual é o meu limite. Eu quero ser mãe e eu desejo engravidar, mas se tiver que parar [os estímulos], eu paro para tentar de outra forma. Hoje, quero ser mãe através de uma gravidez. Amanhã? A Deus pertence”, completa.

Mariana Rios participa do quadro “IstoÉ Gente como a Gente” – Leonardo Monteiro/IstoÉ
A influenciadora digital também falou sobre a relação com o milionário Juca Diniz, exaltou sua rede de apoio em momentos de fragilidade, e adiantou projetos profissionais que estão em andamento paralelamente aos estímulos que faz para tornar seu sonho realidade.
Confira a entrevista na íntegra abaixo:
IstoÉ Gente: Como surgiu a ideia do “Basta Sentir Maternidade”?
Mariana Rios: Eu costumo dizer que a vida de todos nós segue um curso de acordo com o nosso propósito aqui. E que nós não viemos aqui a passeio, né? Cada um precisa descobrir o seu verdadeiro propósito maior.
Para que você consiga viver uma vida com respostas aos seus porquês. E para que você consiga conciliar um trabalho com felicidade, com prazer, ao mesmo tempo que, fazendo pela sua evolução pessoal e espiritual, você contribui para a do outro. Então, ao longo de toda a minha jornada, de toda a minha vida, tanto quanto a minha carreira, quanto a minha vida pessoal, eu sempre questionei sobre o meu propósito.
Eu sempre perguntei para mim, para Deus, o que eu vim fazer aqui? Por que eu estou aqui? Qual é a minha missão aqui, como pessoa, como ser humano? Eu tenho os meus dons, sou grata por eles, todos nós viemos aqui com dons. E a maioria deles já é desvendada na infância, só que a gente passa a vida correndo deles e tentando ser aquilo que as pessoas gostariam que a gente fosse. Preencher a expectativa dos outros, e não as nossas.
E eu passei a minha vida fazendo essa pergunta. Por que eu estou aqui? Me mostra, me ensina, e eu estou aberta para aprender. Eu caminhei e caminho em diferentes universos da minha carreira, como atriz, como apresentadora, como cantora, e comecei a me aventurar como escritora e me apaixonei.
Eu sempre gostei de escrever, mas de cinco anos para cá, os textos começaram a brotar, de madrugada, no meio do banho, de parar o banho, pegar o celular às vezes, já escrever ali. Era a minha história e aquilo vinha, junto com outras informações, com outros textos, no meio do dia, no meio da noite, no meio da madrugada. E eu passei a entender um outro lado meu, que estava muito mais ligado e alinhado a uma parte espiritual.
Quando eu digo espiritual, eu não falo em relação à religião, eu falo nós todos, nós temos um lado que precisa ser trabalhado a nossa espiritualidade. Você ser um ser espiritual é completamente diferente de você não se abrir emocionalmente, de você retrair e de você não aceitar aquilo que foge ao seu controle. Quando você busca espiritualidade, você passa a aceitar aquilo que você não consegue controlar, que tem muito mais relação com esse todo que a gente não consegue visualizar, que não é palpável e do que aquilo que, sim, é responsabilidade nossa.
Quando eu decidi, ano passado, em 2024, fazer o projeto do Basta Sentir Maternidade, foi algo que eu nunca pensei que eu fosse fazer, mas que aconteceu justamente porque eu decidi olhar para esse caminho todo, para esse trajeto todo e entender que ali tinha algo muito grande relacionado ao meu propósito maior. Porque, ao longo da nossa vida, nós temos pequenos sonhos, pequenos desejos e temos um desejo maior, um sonho maior e um propósito que consegue unir tudo isso.
Eu passei a olhar para todas as coisas que eu estava vivenciando dentro dessa jornada da maternidade, dessa tentativa de engravidar, de gerar um ser, de ser mãe, e não conseguindo falar sobre aquilo, eu que sempre me expressei, eu não conseguia falar, nem eu, nem tantas outras mulheres que eu conhecia ali, que são do meu círculo de amigos, de família, e que eu via que também tinham essa dificuldade em externar essa tentativa.
Essa dificuldade em falar começou a me consumir, e eu percebi através de um workshop que eu promovi do Basta Sentir, que é esse meu primeiro livro, que é esse método que está muito relacionado à lei da atração, ao pensamento positivo, ao sentir para você atrair aquilo que você deseja.
Eu fiz esse workshop voltado à maternidade, e eu recebi um número de mulheres que nunca tinham falado, que estavam tentando, se abrindo pela primeira vez, e mesmo assim, naquele momento, eu não consegui falar, e eu estava naquela tentativa há um ano. Quando eu saí de lá, eu falei, poxa, quantas coisas eu poderia ter dito e, de alguma forma, tentado ajudar, e eu não consegui.
Então, agora, eu vou fazer não só por mim, mas por todas elas. Foi aí que eu procurei uma equipe e a gente desenvolveu, dentro de uma plataforma, o aplicativo do Basta Sentir Maternidade, que é uma rede de apoio, que tem como objetivo principal acolher essas mulheres que estão na jornada da maternidade, que estão tentando, não tiveram sucesso ainda, estão tentando lidar com esse insucesso, mulheres que, assim como eu, já sofreram um aborto, mulheres que já perderam seus filhos, mulheres que estão nessa jornada, que já se sentem mães, que já passaram por esse sentimento, essa sensação, mas, de repente, aquilo ainda não se concretizou, não se materializou, porque o sentimento, ele está dentro da gente, é uma coisa muito louca, não se explica, mas acho que é o materializar que traz esse vazio e como preencher esse vazio, como entender e buscar o propósito dentro dessa jornada.
Como tem sido o retorno das mulheres que fazem parte da comunidade?
MR: Eu tenho uma conexão diária ali, com elas, e agora a gente começa a fazer os nossos eventos presenciais.
Essa parte do acolhimento, de encontrar, de conversar, é onde eu queria chegar, sabe? Eu quero muito ter esse momento, eu quero muito estar com elas, eu quero sentar, eu quero conversar, eu quero ter essa troca ali no presencial, porque ela já é muito válida no online, ela já é muito válida na plataforma.
Então elas me mandam muita, a gente tem dentro do aplicativo como se fosse a direct, então elas me mandam ali, elas colocam o relato para todo mundo. Por dia nós temos hoje mais de 600 mulheres entrando, por dia, e mais de 50, 100 relatos por dia.
Então é um número absurdo, assim. Hoje no Brasil são mais de 7 milhões de mulheres tentando engravidar e que de alguma forma não tinham voz até agora, essa fala não era validada. A gente tinha vergonha de falar, porque é uma tentativa que às vezes é frustrada, é frustrante, ou então a mulher tem uma coisa de eu não vou contar nem para os meus familiares, porque vai que dá errado, eu não quero que eles sofram.
Então ela vai pegando tudo, tudo para ela, né? Toda essa carga, todo esse sofrimento. O que eu quero, o meu intuito também maior com base em maternidade, é que a gente tire essa obrigação de eu preciso segurar até as 12 semanas para contar, eu não vou falar que eu estou tentando, eu vou contar só para, sei lá, eu e meu marido vamos saber, eu não vou contar que eu sofri um aborto, porque isso mostra vulnerabilidade, eu não quero que as pessoas sofram. Não, é você faz o que você achar melhor, quando você quiser.
Você não tem que nada, você tem que fazer o que te faz bem. Você precisa colocar para fora quando você achar necessário.
Você sentiu que, na sua vez, não recebeu esse tipo de acolhimento?
MR: Quando eu gravei o primeiro vídeo contando para as pessoas que eu estava tentando, eu recebi um número, assim, absurdo de mensagens de mulheres que se identificavam com a minha fala, com tudo que eu coloquei ali, de mulheres que também estavam tentando e de coisas que a gente escuta no dia a dia, como, por exemplo, a pessoa não sabe da sua jornada, ela não sabe o que está acontecendo na sua vida.
Qual que é a tendência? Falar, e aí, Mariana, está na hora, não vai engravidar, está passando o seu tempo, você já está ficando velha, você não vai ter filho, daqui a pouco não dá tempo mais. E aí você tem que ficar equilibrando pratinhos ali, ah, não, agora eu estou trabalhando muito, e é tudo mentira, você já está um tempo tentando. Ou então a pessoa se casa, a mulher se casa, e aí, quando é que vocês vão ter filho? Já queria ter três aqui correndo, estão demorando, você não sabe o que aquele casal está passando, o que aquela mulher está passando.
Então eu acho que abriu muito todo esse projeto, tudo isso abriu muito a cabeça das pessoas, o entendimento das pessoas, porque quando eu falo isso, a gente também não é obrigado a saber tudo, mas quando alguém chega para a gente com sensibilidade, e fala, oh, quando você for perguntar, tenta não perguntar, ou então fala de uma outra forma, e eu não levo raiva para nada na vida, mas realmente eu já passei várias vezes por esse tipo de situação, e que eu tive que respirar fundo, eu tive que entender que aquela ansiedade, ela era minha, mas que não era uma obrigação, e que eu não tinha que atender as expectativas do outro, a não ser as minhas, dentro do meu tempo, dentro do que é verdadeiro para mim.
Então eu senti essa conexão muito grande. Antes de publicar, algumas pessoas próximas que sabiam do projeto, do meu desejo, tentaram me orientar para que eu não fizesse, que eu iria me expor muito. Falei, pois é, mas e a quantidade de gente que eu vou conseguir ajudar com essa exposição? Será que é uma exposição? Ou será que é preciso? Então eu fui por esse caminho, e fui seguindo meu coração.
A mulher está cada vez mais dividida entre querer ou não ser mãe. Por que você escolheu ser e o que você espera da maternidade?
MR: Eu acho que querer ser mãe é diferente de querer engravidar. E eu quero ser mãe. Nesse momento, a minha energia está toda voltada para a tentativa de engravidar. Mas, o desejo maior é ser mãe. Como é que eu faço assim? Como é que eu distribuo essas portas, essas abertas, ao longo da minha vida? Não só no caminho profissional, mas também no pessoal.
Eu procuro não abrir tantas, sabe? Para que eu não me perca do meu foco. Então eu preciso saber qual é o meu foco nesse momento, e tudo que eu vou tentar, e qual é o meu limite. Então eu quero ser mãe, e eu desejo engravidar.
Eu quero passar por isso. Então o que eu puder fazer até o momento que der certo, ou até o momento que eu também não trabalho com o ICI, eu vou fazer até o meu limite. Até eu saber, não, agora eu vou parar, e de repente tentar de uma outra forma.
Mas eu ainda não penso nisso, porque eu não desejo abrir muitas portas. E o Basta Sentir, meu livro, fala isso. Para quem não sabe o que quer, qualquer caminho serve.
Então, por que a maioria das pessoas não chega onde elas querem? Na maioria das vezes porque elas não sabem o que querem, ou então porque elas abrem muitas portas. E aí elas se perdem, entrando cada hora em uma. Então nesse momento esse é meu foco.
Ser mãe através de uma gravidez. Amanhã a Deus pertence. Então eu trabalho com esse pensamento hoje, e torcendo para que tudo dê certo.
Isso te traz mais calma?
MR: Sim, sim, porque senão você enche a sua cabeça de ansiedade. Você enche a sua cabeça de “e se”. E se isso não for? E se não der certo? O “e se” não serve para nada. E eu sou muito realista. Eu venho durante um tempo exercitando vários lugares dentro de mim, e tentando compreender melhor para que eu mude muita coisa.
Para que eu consiga receber uma vida dentro de mim, sabe? Porque não é algo assim, eu quero ser mãe porque eu quero ser mãe porque está todo mundo… Não é. E é uma pergunta que eu faço direto dentro da comunidade. Eu falo Por que você quer ser mãe? Você já se perguntou isso? Por quê? Por quê? Qual é o desejo em cima disso? Né? O que eu aprendi com isso? E o quanto eu evoluí a partir desse aprendizado, sabe? Como essa mulher que eu tenho me transformado, quem é essa mulher que eu desejo ser? Assim é a nossa vida. Então, eu tento ao máximo passar isso hoje para as mulheres que estão ali.
Para que elas se questionem, sim. Qual é esse movimento que você tem feito? Por que você quer? Você depende disso para ser feliz? Não, isso tem que acontecer, senão eu não vou ser feliz. Então, você está entregando a sua felicidade ao acaso, porque se amanhã eu tenho vontade de fazer uma faculdade, tem um jeito de fazer essa faculdade.
Estudando, me dedicando, eu vou lá, faço a aula e eu tenho meu diploma. Depois. Aí eu sei que eu vou conseguir ter o meu diploma. Isso é uma coisa certa. Estudando, eu terei meu diploma. Nesse caso, você pode fazer tudo, tudo.
Você pode colocar o seu nome numa fila de adoção, que não cabe a você escolher quando você vai ser chamado. Você pode ser chamado daqui um mês, como você pode passar 20 anos, assim como tem histórias que eu conheço de pessoas que estão há 30 anos numa fila de adoção, já foram 15 vezes na entrevista e que desistiram, porque não vinha.
Então é algo que foge ao seu controle. Então, você vai colocar a sua felicidade nas mãos daquilo que você não tem controle? Não. A gente é feliz. E o que vier, vai somar nessa felicidade. Então, por isso, eu preciso entender como eu sou feliz comigo para doar essa felicidade para quando vier, eu conseguir recebê-la da mesma forma, onde ela some e não preencha. Porque nada nem ninguém consegue preencher as nossas lacunas. Isso é uma ilusão. Ou você se preenche, ou não procure no outro, porque você não vai encontrar.
Como você recebeu o diagnóstico de trombofilia?
MR: Eu fui diagnosticada com trombofilia não agora, mas há cinco anos, em 2020, quando eu sofri um aborto espontâneo, quando eu fiquei grávida pela primeira vez.
Estava tudo certo, estava uma gravidez ótima, tudo bem. De repente, quase chegando em 12 semanas, a gente não viu batimento cardíaco do bebê. E aí começou uma investigação para ver o que tinha acontecido, porque se estava tudo bem, minha primeira gravidez, um aborto espontâneo, estava tudo certo, no saco gestacional, crescendo normal, batimento ótimo, de repente, sem batimento.
Então, quando a gente foi investigar, eu digo a gente, médicos, junto comigo, nós descobrimos esse diagnóstico de trombofilia junto com um anticorpo, que ele é autoimune, que se chama SAF. A partir de então, eu já sabia que, ao engravidar novamente, eu teria que ter um cuidado muito mais específico. Quando eu engravidar, vou precisar tomar anticoagulante, tomar uns remédios específicos, mas nada além disso.
O negócio nesse momento, não é esse o maior problema. A questão é chegar ao ponto de engravidar. Entendeu? Conseguir coletar óvulos saudáveis para fazer, formar embriões bons, porque o que acontece com esses embriões? Sim, eles foram descartados no teste de genética porque eu abortaria todos eles.
Tinha questões ali em cada um que eu não vou saber falar, mas eu teria outros momentos de tristeza, eles não eram bons para a implantação. Isso não aconteceria. Então, assim, a trombofilia é depois que acontece a gravidez.
Só que existe todo um preparo que agora, diante a essa situação, que eu peguei para mim. Então, eu comecei a transformar vários setores da minha vida e cuidar de cada um deles com muito carinho, muito cuidado mesmo, sabe? Sendo redundante assim, mas é verdade. Então, eu comecei a olhar para a minha alimentação, para o celular, a forma como você consome aquela informação, aquele monte de coisa diariamente, para o meu sono, para a minha respiração, para o meu estresse.
Porque o estresse ele é muito sério para essa parte da tentante, sabe? Ele é muito sério, você precisa cuidar muito, você ter uma gravidez com estresse é complexo. Então, influencia muito. Agora que eu estou olhando para tudo isso.
Sabe? Então, aí eu te pergunto, será que não era para ser dessa forma? A gente não sabe, mas é a forma que é. Então, o que eu vou fazer com ela? Eu vou ficar me lamentando? Ou eu vou tentar melhorar ao máximo? Ou eu vou ao máximo continuar fazendo a minha parte de um outro jeito para dormir em paz? Para ter minha consciência sempre tranquila? Porque é só isso que me pertence. A minha consciência. O resto foge ao meu controle. Então, é isso que eu tenho feito.
Sua rede de apoio, seu namorado, nesse momento de tentante, está te dando suporte?
MR: É uma relação muito maravilhosa. Eu e ele como um casal. Eu e ele de forma singular. Cada um com as suas emoções, cada um com o seu trabalho, mas sempre unidos para que tudo dê certo. Tanto no trabalho um do outro, quanto na nossa vida pessoal.
Com muito apoio de todos os lados, das duas famílias, da família dele, que é maravilhosa, da minha família, todo mundo junto. Todo mundo com uma compreensão além, assim, sabe?
Por isso que eu te falo, é um caminho que tem sido muito bonito, muito verdadeiro, de muito aprendizado para todos nós. E é algo que, quando a gente se conheceu, a gente não imaginava que ia acontecer.
A gente nunca imagina o dia de amanhã. A jornada tem sido prazerosa ao lado dele.
Como foi esse encontro?
MR: Foi engraçado. A gente se conheceu numa festa. Começamos a conversar ali na festa e eu fiz um after na minha casa. Porque a festa ia acabar e eu não queria que ela acabasse.
E ali conversando, meus amigos foram lá pra casa, eu convidei o João pra ir. E aí ele chegou lá, a gente continuou conversando e tal, e ele me chamou pra jantar no dia seguinte. Eu falei, olha, eu acho que eu não sei se eu vou sair pra jantar com você, porque se a gente sai pra jantar, as pessoas já vão virar uma coisa, vamos nos conhecer, vamos conversar, vai ser ótimo e sem muita gente em volta.
Ele falou, tá bom, então vem jantar aqui. Aí preparei, eu morava numa casa e agora a gente mora em apartamento, mas eu morava nessa casa. Aí preparei a casa toda e tal, preparei um jantar.
E quando eu fui abrir a porta pra ele entrar, estava ele, uma mochila, a caminha do cachorro e o cachorro, que é o Joca, o nosso cachorro. Eu falei, oi? Ele falou, ah, eu vou passar a semana. E ali eu falei, o que? Era um jantar.
E ali ele ficou e eu achei ótimo e foi isso, são as coisas que precisam ser, sabe? Tanto é que logo nesse primeiro encontro, ele me perguntou qual era o meu próximo projeto. E aí, você tá fazendo o que agora? Qual é o seu próximo projeto? Falei, ah, ser mãe. Ele, como assim? Aí eu falei, pois é, eu quero ser mãe.
Já realizei vários projetos, já realizei vários sonhos, sou muito grata por isso e o meu próximo grande projeto é esse. E vou começar com a congelar óvulos, estou focada nisso, quero fazer isso. Ele, nossa, sério? Que legal.
E aí não fugiu. Era um risco, gente. Lógico. É um risco de todos os jeitos. Sabe quando não é um risco? Quando você é verdadeiro com o outro. Porque aí você já coloca todas as cartas na mesa e você não engana ninguém e nem aceita ser enganado.
Então é assim, o que você quer? Quais são os seus desejos? E quais são os seus projetos? Eu perguntei pra ele. E ali ele falou assim pra mim, é, eu acho que um filho se encaixaria nos meus projetos. Então partiu.
Mas é lógico que isso foi uma brincadeira e que agora se torna uma realidade, né? Mas é isso, essa conexão de não tem tempo, não tem quando, não tem como, se eu fizer desse jeito vai dar certo? Se eu falar assim, se eu não fizer tal coisa? Não existe isso. Existe você ser verdadeiro e buscar a pessoa verdadeira também, pra conversar com você, pra estar com você e ninguém tentando enganar ninguém porque aí isso não dá certo.
O julgamento pela diferença de idade entre vocês te incomoda?
MR: Não. Eu nunca liguei pro incômodo assim dos outros. Eu acho que o incômodo dos outros fala sobre eles, não sobre mim. Eu vou fazer 40 e o João vai fazer 30 ano que vem.
Eu faço 40 esse ano. São 11 anos de diferença. Hoje ele tem 29.Eu conheço meninos de 29. E conheço homens de 29. O João é um homem de 29 anos.
Tenho os momentos menino? Sim, assim como eu também tenho. Meus momentos menina infantil e assim como eu tenho meu momento mulher, forte, poderosa e tenho os meus momentos de menina infantil, birrenta, que esperneia e depois eu já volto a mulher. Todos nós.
Meu pai tem 67 anos. Tenho os momentos menino dele também, que minha mãe fala, não é possível, que infantilidade. E minha mãe também.
Meu pai fala, não é possível, sua mãe parece uma criança. E assim seremos. O negócio é, o que você é a maior parte do dia? A sua essência combina com a essência do outro? Quais são os seus valores? Quais são os valores do outro? Onde vocês se conectam? Não é a idade que vai fazer isso.
Conheço homens de 50 que continuam adolescentes, na maior parte do tempo. Que os valores não se encaixam. Assim como pessoas que em algum momento, mulheres que eu fui, que eu tive amizade e que de repente nossos valores foram, foi cada um para um lado.
Nossas vontades, nossa forma de conversar e a gente se desconectou. E a vida é assim. Eu não vejo problema em idade, em quem é mais velho, quem é mais novo.
Não vejo problema. Eu acho que você precisa alinhar desejos, expectativas, caminhos, essência e o principal, admiração. Se você não admira a pessoa que está do seu lado, que acorda com você todos os dias, não vai pra frente.
Admiração é se você passa por um momento onde o casamento ele é um equilíbrio. Uma hora tem alguém que está mais aqui, o outro está aqui, aí o que esse outro que está aqui puxa pra cá? E aí outra hora vai fazer isso aqui, aí vem aqui e puxa. E você está sempre pegando essa mola e sustentando essa mola, fazendo com que ela não afrouxe.
Por quê? Porque você acredita no outro, porque você vibra pelo outro, porque você compreende, você admira. Então você quer trazer pra perto, você quer esse estímulo dos dois lados, independentemente de idade. E eu sinto muito isso no meu relacionamento.
Eu sinto esse homem que está cada dia mais preocupado em se tornar uma pessoa melhor, que quando comete um erro, consegue entender, assim como eu busco também, entender os meus defeitos e melhorá-los, e não sentar no defeito e falar, eu sou assim, morrerei assim. Isso é uma coisa que eu não conseguiria. E ele não é assim, ele está nessa constante busca.
Então, sentar com a família dele é ter uma aula diária de pessoas extremamente inteligentes, sensíveis, que estão abertos ao aprendizado, ao ensinamento. Então assim, só agradeço, essa relação só me faz feliz.
Você já viveu um relacionamento sem essa admiração?
MR: Ah, não durou não, né? A admiração, ela não é só, tem vários lugares para você admirar uma pessoa.
Uma pessoa que me faz mal em algum momento, faz alguma coisa que sabia que eu ficaria chateada, que me expõe de alguma forma, me faz perder a admiração por ela. Então não é porque deu errado o trabalho, não, são coisas da vida. São atitudes, eu acho que a atitude da pessoa é que tira a admiração.
E quando tira a admiração do casal, a relação desanda. E eu acho que sim, acho que já tive relacionamentos onde eu admirava e passei a não admirar e não deu certo, não foi pra frente. Mas normal também.
E profissionalmente, quais os próximos passos?
MR: Eu estou finalizando agora o roteiro de um filme, de um longa, que estou torcendo bastante, que vai ser produzido junto com o Rodrigo Montenegro, da Panorâmica Filmes. E eu estou torcendo muito para que dê tempo eu fazer esse personagem que eu escrevi sobre essa história. Eu estou torcendo muito para que dê tempo, porque a idade precisa bater também.
E ela é bem mais nova que eu e daqui a pouco não dá mais. Mas se for outra pessoa também eu vou ficar super feliz. Eu não tenho problema com isso.
Eu só gostaria que desse tempo. Mas esse é um filme que ele está na finalização desse roteiro. E a gente vai entrar já já em fase de pré-produção.
Então é um projeto que tem me feito muito feliz também, porque além de ser uma história que eu comecei a escrever quando eu tinha 13 anos, que veio também na minha cabeça e eu escrevi muito nova, eu faço também a trilha sonora. É minha e eu quero atuar. Então é um projeto que eu consigo conciliar todas as coisas que eu faço, que eu gosto de fazer.
Então eu estou bem empolgada com isso. Eu lancei agora, relancei o Basta Sentir e lancei o Sabedoria de Bolso, que até teremos em maio, tarde de autógrafos em São Paulo. Agora começam todos os projetos presenciais do Basta Sentir Maternidade, que serão muitos.
Então nós teremos as palestras, as imersões, os encontros. Tem uma coisa que é muito legal também, que eu estou… daqui dois meses inaugura o Espaço Basta Sentir, que vai ser um espaço aqui em São Paulo de encontro, de encontro, de autoconhecimento também, de cursos, de palestras, que eu estou super empolgada. Uma quantidade grande.
No meio disso tudo eu continuo na minha tentativa de engravidar, fazendo os meus estímulos e super confiante, sempre. Eu continuo fazendo os meus shows, continuo fazendo as minhas campanhas. Estou fazendo palestra no Brasil todo, que é uma coisa que eu amo.
Eu amo, amo, amo fazer. Nunca vou parar, assim, mas tem momentos que eu foco, mas uma coisa tem muito tempo, por exemplo, que eu não quero atuar. E agora com o filme, né, porque tem todo um porquê ali por trás, eu quero muito fazer, eu quero muito atuar, mas a minha dedicação maior nesse momento é esse projeto do Basta Sentir Maternidade.
Por que não tem vontade de voltar às novelas?
MR: Agora não, né, a gente pode falar no agora. Agora eu estou falando há 12 anos, tem 12 anos que eu não faço novela, porque eu me descobri em outros lugares, assim, e eu estou muito bem, eu estou feliz desse jeito. A novela, você precisa disponibilizar do seu tempo e muito tempo durante um ano todo, eu não consigo fazer essas outras coisas, focar.