Após uma gestação tranquila e nenhum tipo de problema nos exames pré-natal, Rosângela* descobriu somente após o nascimento, que sua filha não tinha ânus.
Quadro de saúde raro, que atinge 1 a cada 5 mil nascidos vivos, a chamada anomalia anorretal precisa ser tratada com muita atenção e rapidez, mas o bebê pode ter uma vida normal após uma cirurgia.
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Em depoimento ao UOL, Rosângela explicou que a filha nasceu de parto normal, mas logo após um rápido contato, a equipe médica a levou para o centro cirúrgico.
“Estava exausta e em transe. Tinha ficado muito feliz pelo nascimento da minha filha e, de repente, veio uma avalanche. Eu nunca tinha escutado falar nisso, não sabia que existia. Como assim um bebê que nem veio para mim já teria que operar e ir para a UTI?”, questionou.
No dia seguinte o médico explicou para Rosângela que a condição da filha não era grave, já que ela tinha o sistema digestivo funcionando normalmente, só não tinha mesmo o orifício anal.
A IstoÉ consultou dois especialistas para saber mais sobre essa anomalia rara.
O que é?
“O Ânus Imperfurado é uma anomalia que ocorre em aproximadamente 1 em cada 2 a 5 mil nascidos vivos. É parte de uma das alterações síndromicas congênitas da má formação colorretal. Estes defeitos podem trazer sequelas na vida adulta como por exemplo: incontinência fecal e urinária, constipação e até mesmo disfunção sexual”, disse o cirurgião Anderson Oliveira.
Causa desconhecida
O cirurgião pediatra do Hospital Sírio Libanês Ricardo Frank explica que a causa da anomalia anorretal ainda é desconhecida.
“As malformações anorretais podem vir como parte de um ‘pacote’ de malformações: cardíacas, vertebrais, traqueo-esofáficas, do trato urinário e anomalias nos membros. Durante a investigação inicial, é fundamental que sejam pesquisadas essas deformações associadas”, explicou.
Gravidade
“Em um primeiro momento, a gravidade está relacionada ao fato do recém-nascido não conseguir evacuar, dependendo do tipo de malformação. Uma obstrução intestinal é potencialmente muito grave em um paciente vulnerável como o recém-nascido. Em um segundo momento, a gravidade é associada à presença ou não, e o tipo de malformações associadas, como por exemplo as cardíacas”, apontou Frank
Diagnóstico precoce
“As malformações anorretais, geralmente não são diagnosticadas no pré-natal. Porém, o médico ultrassonografista pode identificar sinais indiretos da sua presença. É importante salientar que um eventual diagnóstico pré-natal não alteraria o curso da gestação”, explica Frank
Como é a cirurgia?
Oliveira explica que a equipe médica precisa de rapidez e agilidade para avaliar se é necessária a realização de uma cirurgia e a averiguação de outras anomalias e complicações.
“O paciente pode ficar com uma porção exposta do intestino para, e posteriormente, um procedimento mais detalhado para confecção do ânus e do trajeto retal. Apesar das novas técnicas cirúrgicas e do treinamento esfincteriano ainda é alta taxa de morbidade, ou seja, de disfunção ao longo da vida”, encerra Oliveira.
*Nome fictício