Mãe perde ação nos EUA contra Monsanto por efeitos cancerígenos de herbicida

Mãe perde ação nos EUA contra Monsanto por efeitos cancerígenos de herbicida

Um tribunal de Los Angeles não enxergou nesta terça-feira (5) qualquer ligação causal entre a exposição ao herbicida Roundup e uma forma rara de câncer desenvolvida por uma criança exposta a este produto da empresa Monsanto.

Ezra Clark tinha 4 anos, em fevereiro de 2016, quando foi diagnosticado com linfoma de Burkitt, uma leucemia particularmente agressiva que pode passar por vários órgãos.

De acordo com a ação movida em favor de sua mãe, Destiny Clark, o menino foi “exposto diretamente”, várias vezes, ao herbicida Roundup quando o produto da Monsanto foi usado na propriedade da família.

No entanto, o júri do julgamento – iniciado em setembro – não considerou que um vínculo de causalidade entre o Roundup e a doença da criança tenha sido estabelecido.

“O veredicto do júri (…) está de acordo com a avaliação das autoridades competentes em todo o mundo e com as evidências científicas coletadas ao longo de quatro décadas”, diz nota do grupo alemão Bayer.

Desde a compra da Monsanto em 2018, a Bayer enfrenta uma série de ações judiciais nos Estados Unidos devido ao herbicida Roundup. A tal ponto que o grupo alemão anunciou que fornecerá um valor adicional de 4,5 bilhões de dólares para fazer frente às possíveis consequências de ações judiciais relacionadas ao glifosato nos tribunais norte-americanos.

Os advogados de Destiny Clark e seu filho informaram à AFP que estão avaliando a possibilidade de apelar da decisão da justiça.

“Este é um caso muito raro. O júri só tinha que dizer se considerava ou não que a exposição da criança ao Roundup causou seu câncer. Nenhuma evidência sobre a conduta da Monsanto foi admitida”, disseram.

A Bayer assinou um acordo abrangente de mais de US$ 10 bilhões em 2020 para encerrar cerca de 125.000 ações judiciais. Mas um juiz americano em maio rejeitou parte desse plano.

O Roundup é classificado como “possivelmente cancerígeno” pelo Centro Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, um braço da Organização Mundial da Saúde. A Bayer refuta essa caracterização.