A engenheira agrônoma e ecóloga brasileira Maria Tereza Jorge-Pádua, considerada a “mãe” dos parques nacionais no País, foi premiada na noite desta terça-feira, 6, no Havaí (madrugada desta quarta-feira, 7, em Brasília) com a Medalha Phillips, que reconhece serviços excepcionais na conservação da natureza. Concedida pela União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN), a medalha, que leva o nome do médico e zoólogo John Phillips, pioneiro do movimento de conservação, desde 1963 reconhece pessoas que contribuíram para o conhecimento e para a proteção da natureza. É a segunda vez que uma mulher recebe a medalha – a primeira foi Indira Gandhi.

Maria Tereza, de 73 anos, começou a trabalhar em 1968 para o antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF). Como planejou dizer em seu discurso de agradecimento, quando ela entrou no serviço florestal o Brasil tinha apenas 14 parques e reservas biológicas, nenhum na Amazônia ou em áreas marinhas. No total, cobriam menos de 0,3% do território. Quando saiu, 18 anos depois, a proteção tinha sido multiplicada por cinco.

Maria Tereza disse à reportagem que não queria falar da política atual, mas fez críticas. “Perdemos muita coisa nesse período, como a redução de algumas áreas. O Brasil ainda tem pouca representatividade em termos de costa e recursos marinhos. Hoje temos muitas unidades de conservação, mas poucas estão implementadas, estão abandonadas à própria sorte, com incêndio todo dia, com gado dentro. É muito preocupante.”

Sobre seu histórico, disse que apesar de todo o contexto desfavorável, “foi fácil demais” obter essas conquistas. “Governos militares respeitavam ou tinham medo de ciência. Nunca entendi bem, mas foi fácil demais. Eu era muito brava, queria porque queria. E como tinha muita seriedade, uma argumentação científica importante, eles aceitaram. (O presidente João) Figueiredo assinou um mundaréu de parques num dia só”, lembra, falando de 21 de setembro de 1979, quando se criaram 11 parques, cobrindo uma área de 8 milhões de hectares. Entre eles estavam os parques nacionais Lençóis Maranhenses, Pico da Neblina, da Serra da Capivara, do Jaú e as reservas biológicas de Atol das Rocas e do Rio Trombetas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.