Começou nesta quarta-feira (6) o julgamento da professora Monique Medeiros e do ex-vereador do Rio Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, acusados pela morte do menino Henry Borel, de 4 anos, em março deste ano, filho dela e enteado dele. As informações são da TV Globo e do g1.

Nesta primeira audiência de instrução do processo, foram ouvidos o pai do menino, Leniel Borel, e pessoas ligadas à investigação da Polícia Civil. Durante o depoimento de Leniel, Monique chorou no tribunal.

“Ele se agarrava ao travesseiro pra não ir embora com ela. Ela começou a me ligar pra pedir ajuda, porque nos fins de semana, ele não queria voltar pra casa. Eu conversei com ele. Eu fui falar pro Henry que a mãe estava lá embaixo e ele se agarrou no travesseiro falando ‘Não, papai, não quero ir’. Quando ele viu a Monique, começou a chorar. A avó, dona Rosangela, conversou, chamou ele pra ir na praia. Ela desceu com ele pra praia, e depois foram embora”, disse Leniel.

De acordo com o pai do garoto, a situação também se repetiu outras vezes, e que Henry havia contado a Leniel que o “tio” Jairinho o abraçava forte.

“No sábado, dia 6, eu peguei meu filho na casa do Jairinho. Quando eu peguei ele, ele me disse: ‘papai, eu não quero mais voltar para a casa da minha mãe, não quero’. Mas ele não dizia o porquê. Eu liguei pra Monique, ela disse que não tinha nada acontecendo e eu disse: ‘Monique, e se tiver alguma coisa acontecendo?’. Ela disse: ‘Eu mato o Jairo, Leniel!'”.

O pai de Henry Borel também se emocionou ao relatar os últimos momentos que passou com o filho, e disse que uma das últimas coisas que o garoto lhe disse foi: ‘A mamãe não é boa’.

“Quando eu fui falar com ele que no dia seguinte tinha escola, ele me pediu pra não ir, que por favor não, que no dia seguinte ele iria, e aí eu falei que a gente podia ir pra casa da avó, só que eu já tinha combinado com a Monique. Quando no caminho ele percebeu que estava indo ao encontro da mãe, ele começou a chorar muito e vomitar. Eu falei ‘vai filho, a mamãe é boa’. E ele disse: ‘a mamãe não é boa’. E eu perguntei o que estava acontecendo e ela diz que é uma questão da casa, e pergunta pro Henry se ele quer ajudar a mamãe a achar outra casa. Ele foi, chorando muito. Foi a última vez que vi meu filho”, disse.

Jairinho e Monique estão presos desde abril pela morte do menino de 4 anos, ocorrida um mês antes. O ex-vereador é acusado de realizar sessões de tortura com o menino. O laudo de necropsia apontou hematomas no abdômen e nos membros superiores, hemorragia na cabeça, grande quantidade de sangue no abdômen e contusões no rim e nos pulmões.

O ex-vereador foi denunciado por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, tortura e impossibilidade de defesa da vítima, com aumento de pena por se tratar de menor de 14 anos, tortura e coação de testemunha.

Já Monique, que alega que vivia em uma relacionamento abusivo com Jairinho, foi denunciada por homicídio triplamente qualificado na forma omissiva imprópria, com aumento de pena por se tratar de menos de 14 anos, tortura omissiva, falsidade ideológica e coação de testemunha.