O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, formalizou nesta segunda-feira (25) sua candidatura à reeleição perante a autoridade eleitoral, acusada de bloquear a candidatura da coalizão opositora, liderada por María Corina Machado.

As eleições serão disputadas em 28 de julho, quando Maduro buscará o terceiro mandato, que pode levá-lo a 18 anos no poder.

“Juro para vocês, em 28 de julho, dia do 70° aniversário do comandante Chávez, voltaremos a vencer”, afirmou o presidente em um palanque montado nos arredores do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), após oficializar a sua candidatura. “Eu não sou o candidato, o candidato aqui é o povo da Venezuela!”

Maduro chegou ao CNE acompanhado de milhares de militantes convocados pelo governista Partido Socialista da Venezuela (PSUV). Outra dezena de grupos ligados ao chavismo já haviam formalizado seu apoio ao presidente.

“Nicolas é a esperança, é a continuidade de um projeto iniciado pelo comandante Hugo Chávez”, disse à AFP Pedro Mata, 52 anos. “É o único presidente das pessoas vulneráveis”, acrescentou Yelitza Blanco, 53.

– Fim do prazo –

O período de inscrição das candidaturas termina à meia-noite desta segunda-feira e a oposição ainda não conseguiu concluir esse processo. As inscrições são feitas em uma plataforma na web que os dois partidos de oposição habilitados ainda não conseguiram acessar para inscrever Corina Yoris, indicada por María Corina Machado após a inabilitação desta última para exercer cargos públicos.

“Fizemos todas as tentativas” e “o sistema está totalmente fechado”, denunciou Corina Yoris em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira. “Tentamos ir pessoalmente ao CNE para entregar a carta solicitando uma prorrogação e nem mesmo fisicamente pudemos fazê-lo”.

Filósofa e professora universitária, Yoris, 80 anos, nunca trabalhou na administração pública, e seu nome aparece limpo na base de dados do CNE.

Mais do que técnico, o bloqueio é político, afirmam analistas. O cientista político Jorge Morán explicou à AFP que o chavismo busca repetir o cenário de 2018, quando a oposição boicotou as questionadas eleições presidenciais, que Maduro venceu em meio a denúncias de fraude.

O presidente venezulano denunciou que dois homens armados, que vinculou ao partido de María Corina Machado, Vente Venezuela, foram detidos após se infiltrarem no comício do chavismo com o plano de assassiná-lo.

– Outro adversário –

Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru e Uruguai expressaram em comunicado conjunto preocupação “com o impedimento da inscrição” de Corina Yoris. Mas analistas descartam a sua candidatura e falam em buscar um outro candidato, menos conectado com María Corina Machado. O consenso, no entanto, é de que qualquer nome inscrito pela oposição deve ser apoiado pela opositora.

Caso a aliança opositora consiga inscrever um candidato, o sistema emitirá um relatório para ser apresentado ao CNE, que tem a palavra final. Desde a última quinta-feira (21), já se inscreveram nove candidatos que se apresentam como opositores, mas que são acusados de buscar dividir o voto opositor e, em alguns casos, de colaborar com o governo chavista.

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