O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, formalizou nesta segunda-feira (25) sua candidatura à reeleição perante a autoridade eleitoral, acusada de bloquear a candidatura da coalizão opositora, liderada por María Corina Machado.

As eleições serão disputadas em 28 de julho, quando Maduro buscará o terceiro mandato, que pode levá-lo a 18 anos no poder.

“Juro para vocês, em 28 de julho, dia do 70° aniversário do comandante Chávez, voltaremos a vencer”, afirmou o presidente em um palanque montado nos arredores do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), após oficializar a sua candidatura. “Eu não sou o candidato, o candidato aqui é o povo da Venezuela!”

Maduro chegou ao CNE acompanhado de milhares de militantes convocados pelo governista Partido Socialista da Venezuela (PSUV). Outra dezena de grupos ligados ao chavismo já haviam formalizado seu apoio ao presidente.

Outra dezena de partidos favoráveis ao chavismo haviam formalizado seu apoio ao presidente.

– Fim do prazo –

O período de inscrição das candidaturas termina à meia-noite desta segunda-feira e a principal coalizão de oposição, a Plataforma Unitária, ainda não conseguiu inscrever um candidato.

O presidente do CNE, Elvis Amoroso, confirmou a hora de fechamento, descartando uma prorrogação do prazo.

As inscrições são feitas em uma plataforma na web que os dois partidos de oposição habilitados, MUD (Mesa da União, velha aliança substituída pela Plataforma Unitária) e Um Novo Tempo, ainda não conseguiram acessar para inscrever Corina Yoris, indicada por María Corina Machado após a inabilitação desta última para exercer cargos públicos.

“Fizemos todas as tentativas” e “o sistema está totalmente fechado”, denunciou Corina Yoris em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira. “Tentamos ir pessoalmente ao CNE para entregar a carta solicitando uma prorrogação e nem mesmo fisicamente pudemos fazê-lo”.

Filósofa e professora universitária, Yoris, 80 anos, nunca trabalhou na administração pública, e seu nome aparece limpo na base de dados do CNE.

Na última hora do prazo de inscrição, um líder próximo à Plataforma Unitária, o ex-reitor eleitoral Enrique Márquez, apresentou sua candidatura, sem que a aliança tenha dado seu aval.

“As pessoas estão desesperadas por uma mudança e queremos representar essa mudança”, disse Márquez, que pediu para evitar chamadas à abstenção, como fez a maioria da oposição nas eleições presidenciais de 2018, nas quais Maduro foi reeleito em meio a denúncias de fraude. “O instrumento para mudar é o voto […] Espero que se alguém chamar à abstenção, o povo o mande para o inferno”.

O bloqueio da plataforma é mais político do que técnico, afirmam analistas.

O cientista político Jorge Morán declarou à AFP que o chavismo busca repetir o cenário de 2018 e obrigar a oposição a “abster-se” ou “dividir o voto”.

Maduro denunciou que dois homens armados, aos quais vinculou ao partido de Machado, Vente Venezuela, foram detidos após se infiltrarem na concentração do chavismo com o plano de assassiná-lo; algo que esse grupo classificou de “acusação infundada”.

O Ministério Público adiantou que serão acusados de terrorismo e tentativa de magnicídio.

– Rival ‘aceitável’ –

Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru e Uruguai manifestaram em um comunicado conjunto “sua preocupação com o impedimento do registro” de Yoris.

Analistas falaram em buscar um candidato “aceitável” para o chavismo, menos ligado a Machado, e estimavam que Manuel Rosales, governador do estado petrolífero de Zulia e líder do UNT, poderia ser essa escolha.

“O governo aceitaria sua candidatura”, disse à AFP a analista María Alexandra Semprún. “Ele é capaz de negociar saídas”.

No entanto, ainda não foi formalizada sua candidatura.

Se a aliança opositora, finalmente, puder acessar o sistema no último minuto, o sistema emitirá um ato que é posteriormente apresentado ao CNE, que tem a palavra final após os prazos para impugnações.

Também se candidataram nove candidatos que se apresentam como opositores, mas em alguns casos foram rotulados de “escorpiões”, termo usado na Venezuela para nomear “colaboradores” do governo chavista.

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