O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, convocou a rejeitar um possível golpe de Estado da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), logo após o New York Times afirmar que Donald Trump autorizou missões secretas na Venezuela como parte do seu desdobramento no Caribe.
“Não aos golpes de Estado dados pela CIA, que tanto nos lembram os 30 mil desaparecidos pela CIA nos golpes de Estado contra a Argentina (…) Até quando golpes de Estado da CIA? A América Latina não os quer, não os necessita e os repudia”, disse Maduro em um ato nesta quarta-feira (14), sem se referir diretamente à informação divulgada pelo jornal.
A decisão de Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira, 15, que autorizou a Agência Central de Inteligência (CIA) a realizar operações secretas na Venezuela. O republicano confirmou também que considera atacar com ações ‘letais’ em terra contra cartéis no país, após uma série de golpes mortíferos em alto-mar contra lanchas supostamente do narcotráfico.
A informação sobre as operações secretas da CIA, que havia sido inicialmente veiculada pelo “The New York Times”, marca uma forte e nova escalada de esforços de Washington para pressionar o regime de Nicolás Maduro.
Em declaração no Salão Oval, Trump foi questionado se havia liberado a agência para “remover” Maduro, e respondeu de forma evasiva.
“É ridículo me fazer essa pergunta. Na verdade, não é uma pergunta ridícula, mas não seria ridículo se eu a respondesse?”.
O presidente havia anunciado na terça-feira um novo ataque contra uma suposta lancha com drogas procedente da Venezuela, no qual teriam morrido seis “narcoterroristas”.
Ataques em terra
A confirmação sobre a atuação da CIA se soma a outras ações recentes do governo republicano que têm gerado controvérsia. Trump também declarou que seu governo está considerando estender a ofensiva para ataques em terra contra cartéis de drogas na Venezuela, após uma série de operações letais em alto-mar contra supostas lanchas do narcotráfico.
A estratégia em alto-mar tem sido questionada por especialistas em direito internacional e por membros do Partido Democrata no Legislativo, que exigem explicações sobre a legalidade das ações.
Até o momento, pelo menos 27 pessoas morreram em ataques em águas internacionais, que usam força letal contra suspeitos sem prévia detenção ou interrogatório. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, chegou a afirmar que alguns dos mortos nesses ataques no Mar do Caribe eram de nacionalidade colombiana.
A diretriz confidencial autorizando as ações da CIA é mais uma medida de peso em meio às sanções e aos esforços diplomáticos de Washington para isolar e desestabilizar o governo de Maduro, que os EUA consideram ilegítimo.
*Com informações da AFP e Reuters