O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou neste sábado (3) que “não se aceitará” que a oposição “pretenda usurpar” a Presidência do país, no momento em que sua reeleição é questionada e ele é alvo de protestos e pedidos de transparência por parte da comunidade internacional.

“Não se aceitará, com as leis nacionais, que se pretenda usurpar novamente a Presidência”, disse Maduro durante um ato em Caracas, no qual fez um paralelo entre o opositor Edmundo González Urrutia, que reivindica a vitória nas eleições de 28 de julho, e Juan Guaidó, reconhecido internacionalmente como “presidente interino” em 2019.

“Guaidó parte dois, González Urrutia, não vai!”, exclamou o presidente socialista, diante de milhares de apoiadores.

“Querem impor novamente a triste história de Guaidó. Guaidó 2.0. Hoje ele teve medo”, disse Maduro sobre a ausência de González Urrutia em uma manifestação liderada mais cedo em Caracas pela líder opositora María Corina Machado, que voltou a aparecer em público, após ter se declarado na clandestinidade na última quinta-feira.

Exilado nos Estados Unidos, Guaidó era o chefe do parlamento em 2019, quando foi reconhecido como “presidente interino” por Washington e por cerca de 50 países da América Latina e da Europa que consideraram fraudulenta a reeleição de Maduro no ano anterior.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) confirmou nesta sexta-feira que Maduro foi o vencedor do pleito com 52% dos votos, acima dos 43% de González Urrutia, representante de Machado, inabilitada de ocupar cargos públicos pela justiça venezuelana.

A oposição denuncia fraude. O CNE ainda não publicou resultados detalhados e afirma ser vítima de um ataque hacker.

Os Estados Unidos disseram haver “evidências esmagadoras” de uma vitória do candidato opositor, enquanto vários países da América Latina e da Europa pediram a divulgação das atas de votação.

Os protestos que ocorrem desde segunda-feira já deixaram ao menos 11 civis mortos, segundo organizações defensoras dos direitos humanos. Maduro mencionou que há cerca de 2.000 detidos que serão enviados a duas prisões de segurança máxima.

Além disso, o presidente advertiu que “os patrulhamentos militares e policiais” continuarão “em toda a Venezuela para proteger o povo”.

O governante afirma que há uma tentativa de “golpe de Estado” em curso e declarou nesta semana que Machado e González deveriam “estar atrás das grades”.

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