O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, minimizou a importância, nesta quarta-feira (16), do impacto de possíveis novas sanções internacionais contra seu país, que seriam aplicadas após as eleições gerais antecipadas do próximo domingo (20).

“São ameaças inaceitáveis para qualquer país soberano do mundo”, disse Maduro em entrevista à rede France 24.

“Ninguém deve se meter nos assuntos internos de outros países”, acrescentou.

Em alusão ao risco de a União Europeia aplicar novas sanções após as eleições, Maduro afirmou que “não lhe importam” as sanções dessa “elite que governa a Europa” e que “tem na cabeça um complexo de superioridade colonialista”.

“Eles se acham donos de suas antigas colônias. Mas não é assim. Somos um povo livre (…). Não me importa, mas não me importa em nada a opinião da elite europeia sobre o processo político venezuelano”, acrescentou o presidente que aparece como favorito nas eleições, segundo as pesquisas.

Sobre o apelo de vários países, incluindo os Estados Unidos e os 14 países do Grupo de Lima, para que suspenda a votação, foi taxativo: “Na Venezuela, haverá eleições” neste domingo.

O herdeiro político de Hugo Chávez também questionou os números do Fundo Monetário Internacional (FMI), que divulgou recentemente que a Venezuela terminará este ano com uma inflação de 13.800% e uma queda do PIB de 15%.

“A inflação é induzida. É produto de um ataque ao sistema cambial, à moeda nacional”, alegou.

Ele admitiu que a Venezuela “tem problemas econômicos”, mas apontou: “todos os países têm”.

“Nós os enfrentamos e vamos resolvendo”, completou.

Ele negou que a Venezuela atravesse uma crise humanitária, mas aceitou que existe um “problema de abastecimento” no país. Para ele, porém, a situação não é pior do que em outros países, como a Colômbia, “onde a miséria alcança 50%”.

Maduro rebateu a informação de que mais de um milhão de venezuelanos tenham cruzado a fronteira com a Colômbia em busca de novas oportunidades. “Não é verdade”, garantiu.

Para ele, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, que participa de uma “campanha permanente contra a Venezuela” “inventou” essa “história”.

Cerca de 20,5 milhões de venezuelanos – dois terços da população – são esperados nas urnas para eleger o novo chefe de Estado em um único turno.

Estados Unidos, União Europeia e vários países da América Latina advertiram que não reconhecerão os resultados das eleições.