O presidente venezuelano Nicolás Maduro, acusado de crimes de lesa-humanidade por uma missão especial da ONU, reapareceu virtualmente nesta segunda-feira (21) na organização, com um apelo a combater a hegemonia dos Estados Unidos no mundo.

Em um discurso gravado transmitido em uma cúpula virtual para celebrar os 75 anos da ONU, Maduro – alvo de novas sanções anunciadas pelos Estados Unidos nesta segunda-feira por suas transações de armas com o Irã – denunciou Washington como um “hegemon” (palavra inexistente em português, supostamente derivada de hegemonia) que busca impor sua supremacia no mundo.

“Se o mundo venceu o fascismo há 75 anos, o mundo pode vencer hoje aqueles que querem se impor como hegemon dominante, pode vencer as ideias imperialistas e pode vencer o neofascismo”, disse o presidente, que não comparece fisicamente às reuniões da ONU desde 2018.

O presidente venezuelano, apoiado pela China e Rússia, não mencionou os Estados Unidos, que tenta derrotá-lo e reconhece como presidente interino da Venezuela o opositor Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional.

“Ou construímos um mundo multipolar, onde todos os Estados sejam respeitados, um mundo de equilíbrio com o respeito total do sistema das Nações Unidas e do direito internacional, ou se impõe um mundo hegemônico, dominado por um só hegemon, um mundo unipolar”, insistiu Maduro.

Com a bandeira venezuelana de um lado e a bandeira da ONU do outro, o presidente lamentou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha “sofrido ataques, agressões, insultos” durante a pandemia de coronavírus.

Estados Unidos se retirou da OMS na primavera boreal, acusando-a de uma má gestão da pandemia e de atrasar o lançamento do alerta global.

“Não é hora de insultar a OMS, é hora de nos unir para apoiá-la”, disse Maduro.

Ele também destacou seu convite à ONU para que observe as eleições legislativas de 6 de dezembro, que são boicoteadas por cerca de trinta partidos opositores que as consideram “uma fraude”.

Maduro voltará a discursar virtualmente na ONU na quarta-feira, na 75ª Assembleia Geral.