CARACAS, 4 DEZ (ANSA) – O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, confirmou nesta quinta-feira (4) que teve uma conversa telefônica “respeitosa e cordial” com seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, há dez dias, em meio ao aumento de tensão entre os dois países.
“Eu falei com o presidente dos EUA, Donald Trump. Posso dizer que a conversa foi respeitosa e até cordial”, revelou o chavista à TV estatal venezuelana.
Maduro sugeriu que o diálogo pode abrir espaço para uma possível reaproximação entre Caracas e Washington. “Se esta ligação significa que estamos dando passos em direção a um diálogo respeitoso de Estado para Estado, de país para país, então sejam bem-vindos ao diálogo e à diplomacia, porque sempre buscaremos a paz”, disse.
O líder venezuelano destacou ainda que, durante seus seis anos como chanceler, aprendeu a importância da discrição diplomática: “Quando surgem questões importantes, elas devem ser tratadas com prudência até que sejam concluídas”.
Trump, por sua vez, já havia confirmado a conversa, revelada pelo jornal The New York Times, no último domingo (30). Mas, assim como Maduro, não detalhou o conteúdo discutido entre ambos.
“Eu não diria que foi bem ou mal. Foi uma ligação telefônica”, afirmou o republicano.
Segundo o New York Times, a ligação ocorreu poucos dias antes de entrar em vigor a decisão do Departamento de Estado de classificar o Cartel de Los Soles como organização terrorista estrangeira. Os Estados Unidos acusam Maduro de liderar o grupo criminoso.
Voos de repatriação – Paralelamente, a Venezuela recebeu hoje (4) 266 migrantes vindos de Phoenix, Arizona, no mais recente voo de repatriação coordenado pelo governo de Maduro em meio ao aumento das tensões relacionadas ao destacamento militar dos EUA no Caribe.
A aeronave, operada pela Eastern Airlines, pousou no Aeroporto Internacional de Maiquetía, a 30 km de Caracas, e marcou o 95º voo da “Missão de Retorno à Pátria 2025”, programa de repatriação promovido pelo governo chavista.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Yván Gil, este foi também o 76º voo proveniente dos Estados Unidos desde que os dois países ? sem relações diplomáticas desde 2019 ? firmaram um acordo que permite tais transferências a partir de janeiro.
Gil afirmou que todos os retornos são voluntários e que 18.354 venezuelanos já regressaram pelo programa, sendo 14.407 oriundos dos EUA.
O aeroporto de Maiquetía opera atualmente com rotas limitadas, após diversas companhias aéreas internacionais suspenderem voos devido a alertas de segurança emitidos pela Administração Federal de Aviação (FAA). Em retaliação, o governo venezuelano revogou oficialmente as licenças de operação de oito empresas estrangeiras. (ANSA).