Dezenas de milhares de espanhóis protestaram neste sábado (18) em Madri contra o projeto de anistia acordado por Pedro Sánchez com o separatismo catalão, que permitiu esta semana a posse do socialista para um novo mandato como presidente do governo.

Quase 170.000 pessoas se reuniram na Praça Cibeles, no centro da capital, com bandeiras espanholas e europeias, em resposta a uma convocação apoiada pela oposição conservadora.

Os participantes, de todas as idades, gritaram frases como “Sánchez traidor”, “Sánchez na prisão” e “Catalunha é Espanha”.

“O que (Pedro Sánchez) quer é esquartejar a Espanha, que exista o País Basco de um lado e a Catalunha do outro, e dizer que nada aconteceu, que os juízes não valem nada”, disse María Ángeles Galán, aposentada de 65 anos.

“Não é um presidente, é um delinquente”, acrescentou, utilizando um dos slogans da manifestação.

Sánchez, que perdeu as eleições legislativas de 23 de julho para o conservador Partido Popular (PP) de Alberto Núñez Feijóo, conseguiu na quinta-feira tomar posse no Congresso como presidente do governo, graças ao apoio da extrema esquerda e dos partidos nacionalistas e independentistas da Catalunha e do País Basco.

Em troca de seu apoio, indispensável para alcançar uma maioria que permitiria a posse, Sánchez aceitou uma série de concessões, incluindo uma anistia para os dirigentes e militantes separatistas que foram processados pelo envolvimento na tentativa fracassada de secessão da Catalunha em 2017.

“Sabem que não têm os votos para fazer o que estão fazendo e, por isto, nesta manifestação afirmamos: não construam muros, não brinquem com a convivência”, disse Feijóo na manifestação.

O evento também contou com a presença de Santiago Abascal, líder do partido de extrema direita Vox, que considera o projeto de lei de anistia tão grave quanto um “golpe de Estado”.

Os dois políticos evitaram aparecer um ao lado do outro, apesar de Feijóo ter feito uma tentativa em setembro de tomar posse como presidente de governo com os votos do Vox, sem conseguir a maioria necessária na Câmara Baixa.

Mariana, uma empresária de 51 anos que não revelou o sobrenome, viajou de Zaragoza para expressar seu descontentamento.

“A luta começa agora, a longo prazo, pelo menos até onde sabemos. É uma mensagem para a Europa”, comentou.

Há 10 dias, a Comissão Europeia pediu explicações ao governo da Espanha sobre o projeto de lei de anistia. As autoridades europeias afirmaram que receberam mensagens sobre o tema de “um grande número de cidadãos”.

A oposição conservadora acusou Sánchez de entregar o controle do governo a um “foragido”, em referência ao ex-presidente regional catalão Carles Puigdemont, que fugiu em outubro de 2017 para a Bélgica para evitar um processo na justiça espanhola e que espera ser beneficiado com a anistia se o projeto avançar como lei.

Cuca Gamarra, vice-presidente do PP, convocou a manifestação na sexta-feira e afirmou que “a resistência cívica não vai cruzar os braços”.

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