O governo socialista espanhol se queixará oficialmente junto ao Vaticano por sua suposta “ingerência” na exumação do corpo do ditador Francisco Franco, em meio a críticas ao projeto do representante da Santa Sé na Espanha – anunciou a vice-premier, Carmen Calvo, nesta segunda-feira (1º).

“Ao longo do dia de hoje, no máximo amanhã, o Estado vaticano vai receber uma queixa formal do Estado espanhol por uma ingerência dessa natureza”, declarou Carmen Calvo à rádio Cadena Ser.

A vice-presidente reagiu às declarações recolhidas na imprensa espanhola do núncio apostólico Renzo Fratini, que acusou o Executivo de Pedro Sánchez de querer exumar o ditador de seu monumental mausoléu por “motivos sobretudo políticos”.

“Ressuscitaram Franco. Deixá-lo em paz era melhor. A maioria das pessoas, dos políticos, tem essa ideia, porque se passaram 40 anos da morte. Fez o que fez, Deus julgará”, afirmou.

“Não ajuda a viver melhor recordar de algo que provocou uma guerra civil”, afirmou o núncio apostólico, embaixador do Vaticano na Espanha.

Calvo pediu para “não se entrar nos assuntos internos de um Estado e, muito menos, em temas tão importantes”.

Há um ano, o governo socialista tenta sem sucesso retirar os restos do ditador da monumental basílica nos arredores de Madri, monumento construído pelo próprio Franco, para enterrá-lo em um lugar mais discreto.

O assunto se tornou uma disputa judicial entre o Executivo e os descendentes do ditador. Franco dirigiu a Espanha entre 1939 e 1975 após ganhar a guerra civil ocasionada pelo golpe de Estado militar de 1936.

O Vaticano, que tem autoridade na basílica, não se opõe à exumação, mas se manteve afastado desse tema altamente sensível na Espanha.