Os eleitores de Madagascar compareceram às urnas nesta quarta-feira (19) para o segundo turno de uma eleição presidencial com gosto de ajuste de contas entre dois ex-chefes de Estado, Marc Ravalomanana e Andry Rajoelina, determinados a recuperar o poder.

Ao final da votação, que decorreu sem maiores incidentes, a apuração de votos começou em um clima de tensão nesta ilha do oceano Índico, no sudeste da África.

Mais de 10 milhões de pessoas estavam registradas para comparecer às 25.000 seções eleitorais.

A rivalidade entre os dois ex-presidentes é intensa há vários meses, o que provoca o temor de uma nova onda de tensão pós-eleitoral em um país que registrou várias crises desde sua independência da França, em 1960.

Segundo os analistas, o resultado da eleição será apertado.

Com 39,23% dos votos, Rajoelina, de 44 anos, foi o candidato mais votado em 7 de novembro no primeiro turno, enquanto Ravalomanana, de 69, obteve 35,35% dos votos.

Os dois candidatos votaram pela manhã na capital do país.

“Estou otimista, acredito que o povo decidirá finalmente quem dirigirá o país”, declarou Rajoelina.

“Com a participação de todo o povo, espero poder mudar Madagascar”, afirmou, por sua vez, Ravalomanana.

Com acusações recíprocas de corrupção e de incompetência, Marc Ravalomanana e Andry Rajoelina se confrontaram em uma tensa campanha eleitoral, marcada por seus rancores pessoais e pela convulsão política deste país durante as últimas duas décadas.

Durante o segundo debate na TV, no domingo passado, Ravalomanana advertiu sobre o risco de fraude eleitoral África.

“Há carteiras de identidade falsas e títulos eleitorais falsos circulando. Se o ministério do Interior não fizer nada, teremos sérios problemas”, disse.

“Isto não vai funcionar se começarmos a contestar os resultados de uma eleição que ainda não aconteceu”, respondeu Rajoelina.

Após sua eleição à Presidência em 2002, Ravalomanana se viu obrigado a renunciar sete anos mais tarde por causa de uma onda de manifestações que contava com o apoio de Rajoelina.

Então prefeito da capital, Antananarivo, Rajoelina foi eleito pelo Exército para presidir o país durante um período de transição.

Na eleição presidencial de 2013, proibiu-se a ambos adversários se candidatarem, devido a um acordo para pôr fim à sucessão de crise que afeta esta ilha do Índico, no sudeste da África, desde sua independência em 1960.

Cinco anos mais tarde, voltaram a se enfrentar para resolver sua disputa política.

O carisma dos dois ex-presidentes e, sobretudo, seu dinheiro lhes permitiram se impor com folga frente aos demais 34 candidatos.

Para atrair eleitores, e, acima de tudo, os abstencionistas – 45,7% – os dois ex-presidentes distribuíram presentes e doações de todos os tipos de clientelismo.

Este duelo personalizado ao extremo pôs em segundo plano a realidade de um país mergulhado em problemas: Pobreza, corrupção, insegurança.

Com seus 25 milhões de habitantes, Madagascar é o único país africano que, sem ter conhecido a guerra, se empobreceu desde sua independência.

Três quartos da população vivem com menos de dois euros por dia, segundo o Banco Mundial.