Macunaíma vira um príncipe e fica na Casa Mário de Andrade, na Barra Funda, até o dia 20 de julho – uma exposição e uma série de eventos, debates e apresentações celebram o personagem de Mário de Andrade (1893-1945). A mostra Criação de Macunaíma – que vai ser montada no quarto em que Mário dormia na sua casa na Rua Lopes Chaves, 546 – tem um exemplar da primeira edição de Macunaíma, assinado pelo autor, que pertenceu ao poeta Guilherme de Almeida (1890-1969).

O livro foi publicado em 1928 – mas Mário de Andrade o escreveu durante seis dias na chácara da Sapucaia, em Araraquara, em dezembro de 1926, segundo o escritor e pesquisador Marcelo Tápia, que vem prestando orientação de programação para a Casa Mário de Andrade. Portanto, 90 anos em 2016.

“Esse personagem cria uma identidade baseada na multiplicidade, na capacidade de se adaptar, na sobreposição entre a metrópole e o plano mítico, e, por tudo isso, se tornou insuperável, não vai perecer nunca”, diz Tápia – atualmente, ele é diretor da Casa Guilherme de Almeida e professor da USP.

A exposição também terá fac-símiles dos manuscritos (houve quatro versões antes de Mário de Andrade publicar a obra), edições ilustradas por Carybé, e a nova adaptação em HQ de Angelo Abu e Dan X, publicada pela Editora Peirópolis, ganha seu lançamento no evento.

Ainda nesta terça-feira, 19, às 19h, a cantora e compositora paulistana Iara Rennó canta as canções do álbum Macunaíma Ópera Tupi (2008). Na próxima terça-feira, 26, Marcelo Tupinambá Leandro faz uma aula show sobre o bisavô Marcello Tupynambá, compositor que trabalhou com Mário de Andrade e outros modernistas.

Tupinambá ocupa agora a direção da Casa Mário de Andrade, ligada à Secretaria de Cultura do Estado e gerenciada pela organização social Poiesis. Ele fala com entusiasmo sobre a relação musical que Macunaíma, e a obra de Mário em Andrade em geral, tem com a música brasileira. “Este livro foi primeiro interpretado como uma rapsódia, Mário entendia como ninguém que a oralidade e a musicalidade eram um ponto forte do brasileiro”, comenta.

A Casa Mário de Andrade foi reformada e reaberta em maio de 2015 e agora começa a trabalhar em uma programação mais fixa e diversificada, procurando explorar as diversas ocupações do modernista, que também foi musicólogo e etnógrafo. As homenagens a Macunaíma prosseguem até o fim do ano, com palestras, oficinas e outras apresentações artísticas já agendadas pelo menos até junho.

O prédio que fica na Rua Lopes Chaves foi ocupado por Mário de Andrade entre 1921 e 1945 (exceto quando viveu no Rio, entre 1938 e 1940), onde ele morava com a mãe, também recebe a exposição permanente Morada do Coração Perdido, montada por Carlos Augusto Calil, que tem cartas inéditas, um piano, móveis desenhados pelo autor, uma pasta, e um par de óculos usados por Mário de Andrade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.