O presidente francês, Emmanuel Macron, realizou nesta quinta-feira (20) uma leve remodelação em seu governo, buscando um novo impulso após um início de ano marcado por protestos massivos contra sua reforma da Previdência e uma explosão de distúrbios noturnos.

A remodelação não afetou os ministros da Economia, Interior, Relações Exteriores ou Justiça, mas resultou principalmente na saída de funcionários que o mandatário centrista nomeou em 2022, vindos da sociedade civil.

O respeitado historiador especialista em minorias, Pap Ndiaye, uma das contratações de destaque em 2022, deixou o Ministério da Educação, que agora é liderado por Gabriel Attal, uma figura importante do governo e até então responsável pelas Contas Públicas.

Aurélien Rousseau, ex-chefe de gabinete da primeira-ministra Élisabeth Borne, assumiu a Saúde, substituindo o médico François Braun, e a líder governista na Assembleia Nacional, Aurore Bergé, assumiu a pasta de Solidariedades de Jean-Christophe Combe, ex-diretor geral da Cruz Vermelha na França.

Outra saída notável é a da secretária de Estado, Marlène Schiappa, que causou polêmica ao posar vestida para a revista Playboy e foi criticada por sua gestão de um fundo contra o extremismo.

Com essas mudanças, feitas um pouco mais de um ano após sua reeleição, Macron reforça a imagem política de seu governo, em um mandato em que não possui maioria absoluta e a oposição de direita se tornou seu principal apoio.

A menos de um ano das eleições para o Parlamento Europeu de maio, o partido governista francês busca conter o avanço da extrema direita.

Suas próximas batalhas são uma “recomposição política” em torno da ecologia e sua reforma migratória, que “não deve ser entregue às oposições”, disse na véspera Macron aos parlamentares governistas.

Os distúrbios que eclodiram no final de junho na França após a morte de um jovem baleado pela polícia adiaram uma remodelação que já estava sendo considerada devido ao desgaste causado pela controversa reforma da Previdência.

Na segunda-feira, o presidente já confirmou Borne em seu cargo, mas para 56% dos franceses ela é uma má primeira-ministra, de acordo com uma pesquisa do instituto Elabe publicada na quarta-feira.

Para Céline Bracq, do instituto de pesquisas Odoxa, a remodelação terá um impacto “neutro ou negativo”, já que os franceses esperam mudanças mais significativas como a substituição da primeira-ministra e dos ministros “impopulares”.

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