O presidente francês, Emmanuel Macron, recebeu o líder indígena Raoni, nesta quinta-feira (16), e lhe assegurou o apoio da França em sua luta para proteger a biodiversidade e os povos da Amazônia, vítimas de um crescente desmatamento.

Por ocasião desta reunião, o Palácio do Eliseu anunciou que a França planeja sediar uma cúpula internacional de povos indígenas do mundo inteiro, provavelmente em junho de 2020.

O chefe de Estado francês conversou por 45 minutos no Palácio do Eliseu com Raoni e com três outros líderes da Amazônia – Kailu, Tapy Yawalapiti e Bemoro Metuktire. Ao final da reunião, eles levantaram os braços nos degraus do Eliseu.

O objetivo desta viagem de três semanas pela Europa é lançar um SOS junto à opinião pública e aos líderes políticos para salvar a grande reserva do Xingu, uma enorme área de biodiversidade de cerca de 180.000 km2.

“Busco um milhão de euros para financiar muros verdes feitos de bambu, para delinear a grande reserva do Xingu, que tem sofrido com a intrusão permanente de traficantes de madeira e de animais, garimpeiros e caçadores, que vêm caçar em nossas terras”, disse Raoni em uma entrevista publicada nesta quinta-feira pelo “Le Parisien”.

Após o encontro, o Eliseu informou que a França “apoiaria o projeto de Raoni”, como parte de “seu compromisso com a biodiversidade e no âmbito da presidência do G7” este ano. Esse compromisso, incluindo financeiro, será anunciado posteriormente.

O desmatamento, que havia diminuído drasticamente na Amazônia de 2004 a 2012, voltou a crescer agora em janeiro: +54% em relação ao mesmo período de 2018, segundo a ONG Imazon.

Ainda que o desmatamento tenha, na sequência, caído em fevereiro (-57%) e em março (-77%), 268 km2 de floresta desapareceram no primeiro trimestre. Nos últimos 12 meses, o desmatamento registrou um avanço de 24%.

Com Raoni, Macron também discutiu a difícil situação das comunidades indígenas no Brasil.

“Como um país amazônico” com a Guiana, “a França está naturalmente comprometida com a luta contra o desmatamento e defende os direitos dos povos indígenas, especialmente como atores-chave na preservação das florestas e da biodiversidade e, por isso, engajados na luta contra as mudanças climáticas”, ressaltou o Eliseu antes da reunião.