O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou, nesta terça-feira (19), em Marselha, o lançamento de “uma operação sem precedentes” contra o tráfico de drogas que assola esta cidade do sul do país, e acrescentou que o modelo será estendido para todo o território.

“Em Marselha e em outras cidades da França, lançamos uma operação sem precedentes para acabar com o tráfico de drogas, garantir a ordem republicana, ‘limpar’ o local”, disse o presidente francês na rede X, em uma visita surpresa à cidade mediterrânea.

“Sim, as drogas são nossas inimigas”, insistiu o chefe de Estado, assegurando que as forças de segurança desferiram duros golpes durante semanas contra as redes do narcotráfico no conjunto do território.

Nesse sentido, a operação de Marselha representa a “primeira de uma série de dezenas de operações” chamadas “Place nette XXL”, detalhou. O nome faz referência a uma expressão que significa “limpar”.

Na segunda-feira, foram mobilizados 900 policiais e agentes alfandegários em Marselha e arredores, e 800 nesta terça, segundo um balanço da polícia.

Em dois dias, as forças de segurança prenderam 98 pessoas, apreenderam quatro armas, mais de 385.000 euros (R$ 2,1 milhões, na cotação atual), 8,7 kg de maconha e 339 g de cocaína, indicou a mesma fonte.

A visita de Macron ao principal porto francês do Mediterrâneo ocorre duas semanas depois que um grupo de magistrados exigiu fortes medidas contra os traficantes de drogas, fazendo um apelo por um regime prisional especial e um tribunal específico.

As gangues travam uma guerra pelo controle dos lucrativos pontos de venda de drogas em Marselha, que viveu seu ano mais sangrento em 2023: 49 pessoas assassinadas, incluindo quatro vítimas colaterais, e 123 feridos.

– ‘O tráfico de drogas é um flagelo’ –

“O tráfico de drogas é um flagelo crescente” e “a situação é muito difícil” tanto em Marselha como em “cada vez mais cidades, incluindo cidades médias”, reconheceu o líder centrista.

A visita de Macron ocorre depois de várias detenções das duas principais gangues – “DZ mafia” e “Yoda” – que lutam pelo controle do tráfico de drogas em Marselha.

Treze supostos membros da “DZ mafia” foram presos na semana passada em Marselha, em Rennes, no oeste, e em outras cidades do sudeste do país, como parte de uma investigação sobre uma tentativa de assassinato na Espanha.

“A ideia é ter uma situação claramente apurada e ter um impacto muito forte nas próximas semanas”, declarou, ao lado de Macron, o novo prefeito de polícia do departamento de Bouches-du-Rhône, Pierre-Edouard Colliex.

Garantindo operações “sem precedentes”, o presidente francês explicou como funcionarão.

“Com base no trabalho de base que vem sendo feito há vários anos, identificamos os casos que eram conhecidos, as pessoas […] que sabemos que impossibilitam a vida de um bairro, desde seus altos comandos até seus apoiadores mais locais”, disse Macron.

Esta identificação permitiu que chegassem a “criminosos muito perigosos”, mobilizando “cerca de 900 forças policiais, gendarmes e agentes alfandegários” desde a segunda-feira, acrescentou.

O açougueiro Youssouf Issilamou, de 32 anos, que trabalha ao norte de Marselha, relatou que “antes a polícia vinha uma ou duas vezes por dia. Agora eles estão sempre aqui, fizeram um bom trabalho com as drogas”.

“Como comerciante é uma boa notícia, há pessoas que já não se atrevem a vir ao bairro”, completou.

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