O presidente francês Emmanuel Macron recorda neste domingo (7) o 80º aniversário da deportação para campos de extermínio de crianças judias capturadas pelos nazistas em um refúgio no sudeste da França.

Alguns dos antigos residentes do abrigo na cidade de Izieu participarão da cerimônia, organizada como parte do 80º aniversário da libertação da França no penúltimo ano da Segunda Guerra Mundial.

Em 6 de abril de 1944, as 44 crianças judias com idades entre 4 e 12 anos que viviam no abrigo foram presas pela Gestapo junto com seus sete instrutores judeus.

O ataque foi realizado sob as ordens de Klaus Barbie, lembrado como o “Açougueiro de Lyon”.

Barbie fugiu para a América do Sul após a guerra, mas em 1983 foi extraditado da Bolívia para a França e, em 1987, foi condenado à prisão perpétua por crimes contra a humanidade. Ele morreu na prisão em 1991.

Todas as vítimas de Izieu foram deportadas para os campos de extermínio de Auschwitz-Birkenau, na Polônia, ou Reval, na Estônia. Apenas um instrutor sobreviveu.

Antes disso, era um “lugar magnífico”, onde as crianças se reuniam “entre amigos”, tinham aulas ou passeavam como em tempos de paz, lembrou Roger Wolman, 85 anos, que deixou o refúgio em 1943.

Entre maio de 1943 e abril de 1944, a colônia Izieu fundada por Sabine Zlatin, um combatente da resistência judaica nascida na Polônia, recebeu cerca de 100 crianças cujos pais haviam sido deportados.

Até a invasão, ela permaneceu relativamente tranquila.

“Íamos à escola, tínhamos uma vida tranquila”, embora os adultos soubessem que “a situação estava se tornando cada vez mais perigosa”, disse Bernard Waysenson, que chegou no verão de 1943 com seu irmão e sua irmã. Eles partiram em novembro do mesmo ano para se juntar à sua família.

– Sobrevivência –

Assim como ele, outros sete ex-residentes estarão presentes nas comemorações organizadas pelo museu, inaugurado há 30 anos.

“A lembrança que tenho da guerra é principalmente a nossa sobrevivência”, disse Waysenson à AFP.

O evento celebrará “o compromisso daqueles que enfrentaram o nazismo, saudando as vítimas da perseguição, e daqueles que (…) levaram o carrasco Klaus Barbie à Justiça”, disse a presidência francesa.

Macron também irá à montanha de Glieres, nos Alpes, que foi um importante centro da resistência francesa contra os nazistas.

De janeiro a março de 1944, 465 combatentes da resistência se reuniram em Glieres para receber armas lançadas de aviões antes do desembarque dos Aliados no sul da França em agosto de 1944.

Mas o Exército alemão atacou no final de março daquele ano. Dois terços dos membros da resistência foram feitos prisioneiros ou mortos. Nove desapareceram e 16 morreram após serem deportados.

As comemorações deste ano terão como ponto alto as cerimônias que marcam os 80 anos do desembarque de junho na Normandia, com a presença de vários líderes mundiais.

Em agosto, será comemorada a libertação de Paris da ocupação nazista em 1944.

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