17/09/2019 - 10:20
O presidente da França, Emmanuel Macron, endureceu o tom em relação à imigração, argumentando que, para impedir que os eleitores se desviem para a extrema direita, o governo deve pôr um fim à sua abordagem pouco rigorosa em relação ao tema.
“Ao dizer que somos humanistas, às vezes somos muito lenientes”, afirmou na noite de segunda-feira em um discurso diante de deputados e senadores de seu partido, afirmando que as redes de contrabando de pessoas e as “pessoas que manipulam” o sistema abusam das leis de asilo da França.
“As rendas nunca foram tão baixas na Europa, e os pedidos de asilo nunca foram tão altos na França”, disse ele, 15 dias após um debate parlamentar sobre imigração na França, programado entre 30 de setembro e 2 de outubro.
“Não temos o direito de não fazer nada frente a este tema”, enfatizou. “Se não o confrontarmos, sofreremos com ele”, advertiu.
Poucos meses após as eleições municipais de março, o presidente pediu que seu partido não seja um “partido burguês” que ignora a opinião das classes trabalhadoras seduzidas pela extrema direita.
Nesta terça, a polícia francesa começou a desmantelar um grande acampamento de migrantes no norte do país, onde mais de 1.000 pessoas viviam, em cumprimento a uma decisão judicial.
O acampamento começou a se estabelecer em dezembro de 2018, quando o prefeito de Grande-Synthe (norte) abriu de forma provisória um ginásio para abrigar famílias de migrantes e protegê-las do frio intenso. A maioria era procedente do Curdistão iraquiano.
O número de pessoas que começou a se instalar no ginásio e em seus arredores cresceu, porém, até passar de mil. Viviam, sobretudo, em barracas.
Em 4 de setembro, um tribunal francês ordenou que o ginásio fosse fechado, atendendo assim aos pedidos das autoridades locais e dos moradores da região, que se queixavam de violência, sujeira e tráfico de drogas.
As autoridades francesas impedem que grupos de migrantes formem acampamentos desde o desmantelamento, em 2016, de uma imensa zona de migrantes na região de Calais, no norte, chamada de “Selva”.
Esta política do governo foi criticada por grupos de defesa dos direitos humanos.