ROMA, 04 MAR (ANSA) – O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou neste domingo (3) que a recente crise diplomática com a Itália, a mais grave desde a Segunda Guerra Mundial, foi fruto de um “mal-entendido”.   

Em fevereiro passado, o governo francês convocou seu embaixador em Roma, Christian Masset, para consultas, após o vice-premier e ministro do Trabalho italiano, Luigi Di Maio, também líder do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), ter se reunido com um “colete amarelo” que prega uma intervenção militar contra Macron.   

Masset já retomou seu posto na capital da Itália, e agora os dois lados tentam reduzir o tom para evitar uma nova crise diplomática. “Houve um mal-entendido, algumas afirmações excessivas, mas essas peripécias não são graves, é preciso ir além”, disse o presidente da França no programa “Che tempo che fa”, um dos talk shows mais populares da Itália e transmitido pela emissora pública Rai.   

Na entrevista, Macron revelou ter convidado o presidente italiano, Sergio Mattarella, para participar das celebrações pelo 500º aniversário da morte de Leonardo da Vinci, em 2 de maio, em Paris. Além disso, voltou a criticar o crescente nacionalismo na União Europeia.   

“O medo da abertura pode levar ao fechamento. A resposta não pode ser a Europa dos nacionalismos. Nenhum país, nem Itália, nem França, pode resolver os próprios problemas se curvando sobre si mesmo”, disse.   

Macron ainda reconheceu que “muitos” migrantes chegaram à Europa e que é preciso promover “políticas comuns de estabilização na África” para conter a crise no Mediterrâneo. “Precisamos de uma Europa forte, que reconheça as exigências de identidade dos povos. É preciso reconstruir uma Europa que seja soberana, mais unida. Alguns defendem o nacionalismo, mas eu combaterei sempre essas pessoas, que nos levarão anos atrás”, acrescentou.   

Questionado se acompanhara a entrevista de Macron, o ministro do Interior e também vice-premier da Itália, Matteo Salvini, disse nesta segunda-feira (4) que preferiu assistir à partida entre Napoli e Juventus. “E fiz bem”, declarou.   

A crise diplomática surgiu no âmbito da crescente batalha retórica movida por Di Maio e Salvini para criar um antagonismo com Macron na União Europeia. Ambos miram nas eleições para renovar o Parlamento do bloco, entre 23 e 26 de maio.   

A expectativa de Salvini é capitanear um crescimento inédito de forças ultranacionalistas dentro da UE, aliando-se à francesa Marine Le Pen e a outros movimentos de extrema direita na Europa. Já Di Maio tenta costurar uma coalizão antissistema com os “coletes amarelos”.   

Os embates dos últimos meses entre os dois países vão desde a crise migratória no Mediterrâneo e a disputa por influência na Líbia até batalhas comerciais envolvendo alguns de seus principais grupos industriais. (ANSA)